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| Foto: Antônio Milena/ABr

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, voltou a dizer que o governo brasileiro não se opõe a uma eventual parceria comercial entre a Embraer e a americana Boeing, mas que a venda do controle acionário ou o fatiamento da companhia brasileira estão fora de cogitação. As declarações foram feitas nesta quinta-feira (28), durante a apresentação de um balanço do Ministério da Defesa, e foram noticiadas pela Agência Brasil.

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Jungmann afirmou que a manutenção do controle acionário da Embraer é uma questão de preservação da soberania nacional. Apesar de ter sido privatizada em 1994, a União detém uma “golden share” (ação preferencial) sobre a Embraer, o que lhe dá voz ativa em qualquer decisão estratégica, como troca de controle acionário, interrupção de projetos militares e exportação de tecnologia.

Fatiamento também é descartado

Segundo a Agência Brasil, o ministro também descartou a possibilidade de fatiamento da empresa para que a Boeing possa comprar parte dela. Umas das hipóteses cogitadas foi dividir a produção de aviões comerciais e militares para vender para a Boeing somente a área comercial e manter a área de defesa nacional. Jungmann disse que essa hipótese está fora de cogitação.

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“Há um núcleo da empresa, o de defesa, que é inalienável, porque aí tem soberania nacional, projeto nacional autônomo. Esta é a nossa preocupação, a do presidente Temer, do Ministério da Defesa e da FAB [Força Aérea Brasileira]. Fora esse aspecto, não nos diz respeito. Se é fusão, participação, articulação, é um problema do conselho de administração da Embraer”, afirmou Jungman a jornalistas, de acordo com a Agência Brasil.

Embraer é estratégica para o país, defende ministro

Para justificar a negativa do governo brasileiro em vender o controle acionário da Embraer à Boeing, o ministro lembrou, segundo a Agência Brasil, que a empresa brasileira desenvolve inúmeros projetos de interesse estratégico para o país, como o sistema de controle espacial brasileiro, a arquitetura do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) e o reator multipropósito que será usado no projeto do submarino nuclear brasileiro.

“A Embraer é o coração de um cluster de tecnologia, inovação e conhecimento. Nenhum país do mundo abre mão do controle de uma empresa como esta.”

O possível negócio entre Boeing e Embraer

O ministro revelou, ainda, que o governo solicitou ao conselho de administração da Embraer informações sobre as eventuais conversas entre representantes da empresa com a Boeing e relembrou a companhia que qualquer negociação que atinja os direitos do governo brasileiro deve ser previamente comunicada ao Ministério da Defesa.

O governo brasileiro foi pegou de surpresa com a notícia que a Boeing estaria interessada em comprar a Embraer. O fato foi noticiado pelo jornal americano The Wall Street Journal na quinta-feira passada (21) e, horas depois, confirmado pelas duas companhias, que afirmaram que estavam conversando para “potencial combinação de seus negócios, em bases que ainda estão sendo discutidas”. No mesmo dia, a Folha de São Paulo noticiou que o governo tinha se posicionado contra a aquisição do controle.

Segundo o jornal americano, a Boeing estaria interessada em comprar a Embraer para crescer na área de aeronaves comerciais regionais, na faixa de 70 a 130 passageiros, ponto fraco da americana e ponto forte da brasileira. O negócio seria também uma resposta à europeia Airbus, que em outubro anunciou a compra do controle da área da aviões regionais CSeries, da fabricante canadense Bombardier.

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