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Oi deve apresentar plano de recuperação judicial nesta quarta-feira

Proposta será votada em assembleia com os credores, marcada para acontecer no dia 23 de outubro 

Oi está em processo de recuperação judicial desde junho de 2016, com dívidas de R$ 65,4 bilhões | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Oi está em processo de recuperação judicial desde junho de 2016, com dívidas de R$ 65,4 bilhões (Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo)

Depois de uma espera de um ano e um mês, a operadora Oi deve apresentar nesta quarta-feira (11) à Justiça o seu novo plano de recuperação judicial. A proposta será votada em assembleia com os credores marcada para acontecer no dia 23 de outubro. Se houver necessidade, haverá um segundo encontro em 27 de novembro. A companhia acumula dívidas de R$ 65,4 bilhões e o seu pedido de recuperação judicial foi o maior da história do país. 

A Oi vive um impasse desde junho do ano passado, quando a empresa entrou oficialmente com o pedido de recuperação. A companhia chegou a apresentar em setembro de 2016 uma proposta para renegociar suas dívidas, mas o acordo não foi aceito pelos credores, pois exigia um desconto muito alto dos débitos. A Oi voltou a apresentar uma proposta preliminar em agosto deste ano, mas desta vez a Anatel pediu que fosse refeita.

Nesta quarta-feira (11), a Oi deve protocolar na Justiça o seu novo plano de recuperação judicial, que será levado para aprovação dos credores. A maior dificuldade da operadora está em conciliar o interesse de seus principais acionistas (Bratel, Sociéte Mondiale, Goldman Sachs, BNDES) com os seus maiores credores (Anatel, BNDES, Banco do Brasil e Caixa). A empresa também tenta arranjar tempo e dinheiro para quitar as suas dívidas sem diluir todo o caixa.

Anatel

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) é a maior credora da Oi. A operadora tem uma dívida bilionária junto à agência reguladora, resultado de uma série de multas impostas por descumprimento de obrigações legais. A operadora diz que o valor da dívida com a agência é de R$ 11 bilhões, enquanto o governo fala em R$ 20,2 bilhões.

Independente do Valor, tanto a Oi quanto a Anatel querem transformar a dívida em um compromisso de investimento em melhorias do serviço de telecomunicações. Com isso, o valor seria excluído do plano de recuperação judicial e a Oi ganharia um alívio em seu caixa para conseguir arcar com as outras dívidas junto aos demais credores. Só que o juiz da 7.ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, Fernando Viana, decidiu que as dívidas da Oi com a Anatel devem ser incluídas na recuperação judicial e o Superior Tribunal Justiça (STJ) confirmou a decisão. 

Diante do impasse, o governo criou na segunda-feira (9) um grupo de trabalho, liderado pela Advocacia Geral da União (AGU), para buscar uma solução para as dívidas da Oi junto ao poder público. Segundo a agência Reuters, uma das possibilidades é enquadrar as dívidas com a Anatel dentro da Medida Provisória 780, que permite o financiamento dos débitos com autarquias. A operadora considera essencial poder trocar a dívida por um financiamento de longo prazo ou compromisso de investimento para ter êxito em seu plano de recuperação.

Aumento de capital

Outro problema que a Oi precisa resolver dentro do seu plano de recuperação judicial é o aumento de capital e suas condições. A expectativa é que o novo plano inclua um aumento de capital de R$ 9 bilhões, sendo que R$ 2,5 bilhões viriam de um novo aporte dos atuais acionistas, R$ 3,5 bilhões de ações adquiridas pelos credores e R$ 3 bilhões da conversão de dívidas em ações. 

O problema em fazer esse aumento de capital é a diluição dos atuais controladores da empresa. Como o aumento de capital resultaria em novas ações, mais investidores entrariam como sócios da operadora e os controladores majoritários (Bratel, com 22,24%, e Sociéte Mondiale, com 5,28%) teriam a sua participação no negócio reduzida. Segundo a agência Bloomberg, o plano daria aos credores uma participação de cerca de 40% na Oi.

Bancos públicos

Já os bancos públicos (BNDES, Caixa e Banco do Brasil), que também são credores da Oi, devem ser os maiores beneficiados dentro do plano de recuperação da empresa. Segundo o ex-ministro da Comunicação e conselheiro da operadora, Helio Costa, os bancos públicos “estão recebendo um tratamento privilegiadíssimo” e que “vão receber os seus vencimentos integralmente”, desde que a Oi “tenha tempo para pagar”.

Pequenos credores

Na outra ponta, estão os pequenos credores. A operadora tem 55 mil credores, sendo que cerca de 53 mil têm dívidas de até R$ 50 mil. Para esse grupo, a Oi lançou o “Programa para Acordo com Credores”. Quem aderir ao programa, receberá o pagamento da dívida em duas parcelas, sendo a primeira de 90% do valor em até dez dias úteis após a assinatura do acordo e o restante depois de dez dias da homologação do plano de recuperação judicial, a ser votado no dia 23 de outubro.

Segundo a Oi, mais de 26 mil pequenos credores já se cadastraram para participar do programa e cerca de 12 mil fecharam o acordo. Os acordos já somam R$ 160 milhões e o prazo para adesão termina em 19 de outubro.  

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