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Apple

Quem pagaria R$ 7 mil em um iPhone ‘premium’?

Fortes indícios apontam para um terceiro iPhone, em celebração ao décimo aniversário do produto, que seria caríssimo. Na estratégia da Apple, ele faria sentido

Mockup do iPhone 8 | Anthony Boyd
Mockup do iPhone 8 (Foto: Anthony Boyd)

Até 2013, a Apple apresentava apenas um novo iPhone por ano. Além de catapultar o faturamento da empresa, a expansão da linha, com dois modelos a partir de 2014, abriu uma pequena fonte de diferenciações – fora o tamanho da tela e da bateria, a câmera do iPhone maior passou a trazer tecnologia mais avançada. Agora, fortes indícios apontam que, em setembro, para celebrar o décimo aniversário do seu produto mais popular e rentável, um terceiro iPhone será apresentado. E ele poderá custar caro: até o dobro do preço do iPhone 7 mais barato, ou mais de R$ 7 mil.

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Analistas e pesquisadores com um bom histórico de vazamentos sobre a Apple dizem que a empresa apresentará, além de versões atualizadas do iPhone 7 e 7 Plus, um novo modelo totalmente reformulado. Esse “iPhone Pro” ou “iPhone 8” seria mais sofisticado e traria um design diferente, recursos inovadores e um custo maior que o dos modelos tradicionais. Bem maior: os palpites chegam a US$ 1.400, ou mais que o dobro do modelo de entrada (nos Estados Unidos, de US$ 650).

Mas há demanda para um iPhone que pode passar dos R$ 7 mil? Afinal, se a lógica do dobro do preço for mantida, é por aí que o modelo custaria aqui – o iPhone 7 de entrada custa R$ 3,5 mil no Brasil.

Argumentos e teorias

Tem quem ache que sim, e por uma série de fatores. No Wall Street Journal, o colunista Christopher Mims conversou com pesquisadores e professores de marketing e se convenceu de que um iPhone premium faz sentido dentro da estratégia da Apple.

Entre os argumentos, estão a elevação do preço médio de venda (o número mais importante para a Apple, aquele que determina as suas margens de lucro) e a teoria do economista e sociólogo Thorstein Veblen, que diz que, contrário à lógica, certas categorias vendem mais quando seus produtos encarecem.

Esse iPhone caríssimo imediatamente se tornaria objeto de desejo de muitos consumidores. E não só de fashionistas e gente querendo aparecer. Os mesmos rumores que sugerem a sua existência apontam para a presença de novidades tecnológicas que, de outra forma, talvez levassem anos para chegar ao mercado.

Entre elas, uma ganhou contornos mais fortes no início da semana: a de uma tela que ocupa toda a parte frontal do aparelho. A Apple liberou acidentalmente o firmware (espécie de código base) do HomePod, uma caixa de som inteligente que será lançada em dezembro. Nele, desenvolvedores encontraram referências e o desenho de um iPhone ainda não anunciado e jamais visto. Este:

O desenho apresenta o aparelho como tendo toda a parte frontal composta por uma tela, à exceção de uma faixa parcial, no topo, onde ficariam a câmera frontal e os sensores. Além dos tradicionais, como o de luminosidade, informações referentes aos recursos de biometria do iOS 11 encontradas no mesmo código indicam que o sistema seria capaz de lidar com um novo sensor infravermelho.

Especula-se que esse novo iPhone teria um sistema de desbloqueio baseado em reconhecimento facial e que o infravermelho, além de dar mais segurança (impedindo o desbloqueio por fotos, por exemplo), permitiria o uso mesmo em ambientes escuros. Trata-se de uma alternativa ao Touch ID, que não teria mais espaço na frente do celular ante a falta do botão de início.

“Efeito halo”

Alguns analistas fazem a analogia com o chamado “efeito halo” para racionalizar o possível movimento da Apple. Ele explica um produto de ponta que é lançado pela empresa não para vender em grandes volumes, mas sim para influenciar a percepção do público, apresentar tecnologias-chave que valorizem e posicionem a marca e, com isso, impulsionar as vendas de variantes mais baratas.

Na indústria automotiva, por exemplo, isso é bastante comum – o Accord e o Camry, da Honda e Toyota, respectivamente, cumprem esse papel para ajudar nas vendas do Civic e do Corolla.

De qualquer forma, graças à escala sem igual do iPhone, uma variante cara deve vender bem e aumentar consideravelmente a lucratividade da Apple. Se apenas 10% dos compradores de iPhone no último trimestre optarem por esse suposto novo modelo, ainda assim estaríamos falando em cinco milhões de unidades no trimestre. Isso, claro, se a Apple conseguir atender à demanda. 

Fora marcas que trabalham exclusivamente com celulares de luxo, como a Vertu, nenhuma de massa jamais lançou um celular tão caro. O atual iPhone topo de linha, a versão 7 Plus com 256 GB de espaço, tem preço sugerido de R$ 4.899 aqui – ou US$ 969, nos EUA. O Galaxy S8 Plus com 6 GB de RAM, lançado semana passada no Brasil, sai por R$ 4.799; nos Estados Unidos, pela operadora T-Mobile, a versão normal custa US$ 800. Existe uma barreira, de R$ 5 mil aqui e US$ 1 mil lá, que ainda não foi transposta.

Com mais margem para comportar a elevação de custos de um aparelho melhor, uma linha de produção menos frenética (atualmente, a Apple fabrica cerca de dez iPhone por segundo) e a garantia de um retorno maior, a Apple poderá dar passos maiores na evolução do iPhone que os dados, ano a ano, até então.

O iPhone é um produto paradoxal: super tecnológico e, ao mesmo tempo, familiar a quem usa. Uma parcela pequena, mas ruidosa dos consumidores interpreta esse “familiar” como “enfadonho” e sempre cobra inovações mais agressivas da empresa. Um modelo premium seria um caminho para entregar o que eles pedem, sem alienar a grande base satisfeita com o ritmo de atualizações anuais, e cobrar (bastante) por isso.

E, no caso do iPhone, é mais provável que o novo modelo caríssimo apenas antecipe a tecnologia que, amanhã, estará em toda a linha. Como já acontece com a das câmeras dos modelos Plus – em 2016, a estabilização ótica de imagens, até então exclusiva desse, chegou ao iPhone menor. A questão, então, se resume à seguinte: quem está disposto a pagar o dobro para ter, em 2017, o iPhone de 2019? Se esse suposto iPhone premium for anunciado em setembro, descobriremos até o fim do ano.

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