
À primeira vista, o Bitcoin e o ouro são como água e vinho. O ouro é um metal precioso considerado uma das reservas de valor mais antigas da humanidade. Sua compra e venda é regulamentada pelo Banco Central e sua cotação no país é calculada com base na variação do dólar. Já o Bitcoin é uma moeda virtual que não existe fisicamente. Ele surgiu há menos de dez anos e não possui regulamentação no Brasil. Seu valor é determinado por softwares, com base na lei da oferta e demanda.
Mas, ao mesmo tempo em que são tão diferentes, as duas reservas de valor têm várias semelhanças. O ouro e o Bitcoin existem em uma quantidade limitada. Garimpar novas unidades é quase impossível. E, devido a essa raridade, ambos atingiram valores de mercado elevados. As duas moedas também têm trânsito global e estão ou estiveram sujeitas a oscilações constantes e períodos de bolha e superinvestimento.
Conheça as semelhanças e diferenças entre o Bitcoin e o ouro
Entenda como funciona o Bitcoin
Moeda virtual é suscetível a oscilações e crimes
Com tantas comparações inevitáveis, o Bitcoin passou a ser chamado de novo ouro. Ou, melhor, o ouro da internet. A moeda virtual foi lançada em 2009 e nos seus pouco mais de sete anos de existência atingiu valor de mercado de US$ 20,4 bilhões. São 16,2 milhões de Bitcoins em circulação na internet, com previsão de chegar ao limite máximo de 21 milhões de unidades até 2033. A moeda já é usada para investimento, poupança, doação e compra e venda de produtos e serviços.
O seu crescimento fez com que sua cotação superasse, inclusive, o preço de venda da sua co-irmã. No início deste mês, pela primeira vez na história, um Bitcoin passou a valer mais do que uma onça de ouro (medida padrão para a negociação do metal no mercado norte-americano). A moeda virtual estava sendo cotada a US$ 1.265, enquanto o metal precioso era vendido a US$ 1.233.
Isso quer dizer que o Bitcoin seria mesmo o novo ouro? Ainda é cedo para dizer. Mas especialistas em moedas criptografadas garantem que a sua concepção veio para ficar e, com o tempo, a comercialização e procura ficará cada vez mais constante. Até mesmo novas moedas virtuais, concorrentes diretas, devem ganhar força no mercado, como a já existente Litecoin.
“O Bitcoin não é algo novo como ideia. A necessidade de ter um dinheiro digital surgiu junto com a criação do e-commerce. A internet comercial foi criada pensando em realizar transações virtuais. Mas só no fim de 2009, depois de várias tentativas, é que se conseguiu criar a primeira moeda virtual [o Bitcoin], criptografada, sem depender de intermediários financeiros”, afirma o CEO do Mercado Bitcoin, Rodrigo Batista.
O professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ebape) Alexandre Linhares diz que a moeda ganhou força por dois motivos. Primeiro, por ser uma necessidade do mundo digital, já que facilita as transações on-line e elimina a necessidade de intermediários financeiros. Segundo, por ser menos suscetível a intervenções governamentais.
“Não tem como ter hiperinflação no Bitcoin, porque o número de moedas é limitado. Se um banco quebra, nada acontece com sua moeda porque ela não depende de intermediários financeiros. E ela permite microtransações, o que facilita doações e compras menores”, explica Linhares.



