Mark Dean é hoje vice-presidente de sistemas no laboratório de pesquisas da IBM, mas o ponto alto da sua carreira de quase 30 anos na "Big Blue" foi como engenheiro-chefe no desenvolvimento do IBM PC. Não é à toa, portanto, que o doutor Dean seja considerado o pai do computador pessoal como o conhecemos. Abaixo, a entrevista com o cientista:
O PC está completando 25 anos e a IBM é a mãe (e o pai) da computação pessoal. Como foi este começo? A IBM esperava todo este sucesso?
Mark Dean O começo foi uma época muito emocionante. O grupo que trabalhava nisso era pequeno e o pouco que sabíamos na época iria gerar uma indústria inteira. Estávamos focados na simplicidade e na facilidade de uso, e fizemos nascer um novo mercado.
Quando falamos em computação pessoal, temos que falar em IBM, mesmo que a companhia não trabalhe mais no ramo. Como a empresa vê o mercado hoje?
A IBM sempre foi uma empresa inovadora. Nos primeiros dias do PC, éramos inovadores naquela plataforma. Hoje, somos inovadores em outras áreas, como a de serviços. Temos uma nova área devotada à ciência dos serviços e estamos trabalhando com outras companhias, acadêmicos e governo para criar um currículo para esta nova área de estudos, conhecida como ciência de serviços, gerenciamento e engenharia, combinação de negócios, tecnologia e expertise em consultoria.
O que a IBM faz no mercado de computação pessoal hoje? Supercomputadores, videogames? A empresa tem planos de retornar ao mercado de computação doméstica?
O que temos de mais perto do mercado consumidor é nosso processador Cell, que está dentro da maior parte dos consoles de videogame. Mas no geral a IBM está focada em prover tecnologia e consultoria para empresas. E parte disso está na supercomputação. Nosso BlueGene (supercomputador IBM) domina a lista de computadores mais rápidos do mundo.
Computadores portáteis, como PDAs e smartphones, podem vir a substituir o desktop no futuro?
Certamente. Adoraria ver chegar um dia em que eu possa carregar um aparelho que faça tudo. O maior problema que vejo hoje é que ainda não existe um monitor capaz de recriar a aparência e a sensação da impressão no papel. Algum dia, todos teremos aparelhos capazes de fazer ligações, mandar emails, ler jornais, qualquer coisa. E ele será tão resistente que eu poderei dá-los às crianças, substituindo a necessidade de arrastar livros pesados para a escola.
O uso do MS-DOS popularizou o PC. A IBM tentou mais tarde criar seu próprio sistema operacional, o OS/2, mas não teve sucesso. Agora, a IBM suporta software livre. Como vê este mercado hoje e no futuro?
Com o OS/2, estávamos focados em criar um sistema operacional para business. E você está absolutamente correta: a IBM suporta software livre. No geral, acho que o advento da Web 2.0, que permite às pessoas que não sabem programar criem uma experiência original de Web, mudará dramaticamente a evolução da indústria de software. E ela está se movendo na direção dos padrões abertos e na colaboração.



