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No cinema, o Lehman Brothers virou “Banco do Mal”: da História para a cultura popular | Reproduçao
No cinema, o Lehman Brothers virou “Banco do Mal”: da História para a cultura popular| Foto: Reproduçao

Aprendizado

Três lições que o mundo deveria ter aprendido em 2008 – e que podem ajudar a superar os problemas de 2011.

1 - Fiscalizar é melhor: O baixo grau de regulação nos mercados financeiros permitiu que bancos e financeiras chegassem à beira da falência antes que os órgãos reguladores se apercebessem.

2 - Remédios, só na dose certa: As medidas anticrise tomadas pelos governos europeus e americano colaboraram para aumentar seu endividamento e apressaram a deterioração das contas nacionais.

3 - Limitar os danos: Há mais de 2 mil anos a Grécia não tinha tanta importância para o mundo político e econômico. Embora seja uma economia pequena, ela está intimamente ligada a outros países pela moeda e porque vários bancos são seus credores. Se esses laços fossem menos intensos, o contágio seria menor.

E agora?

Crescimento brasileiro depende do desempenho da China

Embora a palavra "recessão" – ou até "depressão", como tem enfatizado Nouriel Roubini – esteja de volta ao vocabulário cotidiano de economistas e empresários, o Brasil ainda não sentiu nenhum sinal claro nesse sentido. "Já há sinais de desaceleração, mas, oficialmente, ainda estamos em pleno emprego", comenta o professor José Guilherme Vieira, da UFPR. O destino da economia do país, entretanto, depende muito do desenrolar da crise internacional e do papel da China, seu principal mercado no planeta. "Com suas reservas de mais de US$ 3 trilhões, a China pode socorrer a todos", comenta o economista Carlos Magno Bittencourt, da PUCPR. "Mas quem confia plenamente em um país que não é democrático para ser o salvador da economia mundial?" (FI)

Os problemas da Europa já estavam lá

Um dos resultados da crise de 2008 foi uma mudança na percepção de risco entre os agentes do mercado. Depois de todos terem sido pegos de surpresa pela implosão de bancos e empresas considerados saudáveis, a vigilância sobre possíveis inadimplentes passou a ser maior, e isso vale tanto para as corporações quanto para os países. "Portugal, Itália, Grécia, Espanha e Irlanda já estavam com altos índices de endividamento muito antes da crise", assinala Marcelo Curado, da UFPR.

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  • Roubini:

No desenho animado Meu Mal­­vado Favorito, o personagem Gru precisa urgentemente de dinheiro para realizar seu plano mais malévolo: roubar a Lua. Para isso, faz o que qualquer outro vilão em seu lugar também faria – pede um financiamento, é claro. Ao Banco do Mal, ex-Lehman Brothers. É o que está escrito na porta.

O caso do desenho mostra como o fim do Lehman, que foi um dia o quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, passou da História para a cultura popular. Há ainda um intenso comércio de itens ligados à instituição em sites como o eBay, no qual os usuários vendem todo tipo de mercadoria diretamente aos clientes – negócio que até hoje é uma fonte de renda para ex-funcionários do Lehman, que limparam suas gavetas há três anos, em 15 de setembro de 2008.

Mas qual será o tamanho da crise que o Lehman simboliza? Será a crise de 2008 ou algo maior?

Especialistas mundo afora são unânimes em apontar a correlação entre aquele episódio e a crise que se desenrola agora. As principais economias do planeta, observam eles, ainda não se recuperaram do impacto daqueles dias turbulentos. "É preciso restaurar o crescimento econômico. É preciso fazer isso agora, não daqui a cinco anos", disse, em uma entrevista recente, o economista Nouriel Roubini. Dono de uma companhia de pesquisa e análise de mercado, o americano (nascido na Turquia) Roubini emergiu da crise como um dos principais gurus financeiros do momento – afinal, foi a voz solitária que previu as dificuldades que seriam causadas pela inadimplência das hipotecas subprime, nos EUA. "No curto prazo, precisamos de estímulos maciços, caso contrário haverá uma outra Grande Depressão", profetiza.

Os estímulos do passado, entretanto, estão entre as causas da encrenca atual. "A crise de 2008 obrigou os governos a fazerem políticas expansionistas para aumentar a demanda", observa Marcelo Luiz Curado, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador de um projeto de pesquisa sobre as crises financeiras e o papel da política econômica. Essas políticas expansionistas incluem aumento de gastos estatais e a redução de impostos. No Brasil, essas medidas incluíram, por exemplo, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre automóveis e eletrodomésticos da linha branca, por exemplo.

Essa receita clássica tem o efeito colateral de prejudicar as contas públicas. Foi o que ocorreu com os EUA, que viram a classificação de risco de sua dívida ser rebaixada pela primeira vez na história, semanas atrás.

A prevenção de novas crises e a solução para elas está, de acordo com os observadores, na capacidade de fechar as fontes de problemas do passado. O problema é que isso não aconteceu. "Um dos fatores que agravou a crise em 2008 foi a falta de regulação dos bancos, que levou à quebra do Lehman", observa o economista Carlos Magno Bittencourt, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). "Mas isso não foi corrigido até agora."

Um exemplo. Na quinta-feira, o banco suíço UBS divulgou que operações feitas por um único corretor, o ganense Kweku Adoboli, pode ter levado a instituição a perdas de até US$ 2 bilhões em sua filial britânica. "É um sinal assustador de que muita coisa continua errada", diz Bittencourt.

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