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Espaçonave da Virgin Galactic se prepara para pousar após voo suborbital | GENE BLEVINS/
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Espaçonave da Virgin Galactic se prepara para pousar após voo suborbital| Foto: GENE BLEVINS/ AFP

A Virgin Galactic lançou uma espaçonave a mais de 80 km de altitude na manhã desta quinta-feira, cumprindo com a definição de espaço da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) e atingindo uma meta difícil de alcançar pela empresa fundada por Richard Branson, que um dia quer fazer com que turistas voem a altas altitudes.

 Embora não tenha atingido a órbita, o voo foi o primeiro lançamento de uma espaçonave nos Estados Unidos com seres humanos a bordo e que alcançou a borda do espaço desde que ônibus espacial foi retirado de operação em 2011. E isso deu à Virgin Galactic uma vantagem na corrida por voos espaciais tripulados, pois várias empresas, incluindo SpaceX, Blue Origin e Boeing, trabalham para desenvolver naves espaciais capazes de voar com humanos. 

 Com dois pilotos experientes no cockpit - Mark "Forger" Stucky e C.J. Sturckow - o veículo conhecido como SpaceShipTwo foi transportado para uma altitude de cerca de 13,1 km por uma nave-mãe. Como uma bomba, a espaçonave foi liberada em queda livre antes de o piloto acender o motor, impulsionando o avião espacial mais rápido do que a velocidade do som. 

 Logo, o veículo apontou quase para cima, enquanto cruzava o mesmo céu sobre o deserto da Califórnia, onde Chuck Yeager quebrou a barreira do som em 1947. A espaçonave alcançou uma altura de 82,7 mil quilômetros, atingindo uma velocidade máxima de Mach 2,9 (3,580 km/h), antes de descer e pousar na base da empresa em Mojave. 

 No chão, um bando de jornalistas, entusiastas do espaço, inclusive Branson e seus convidados observavam o voo, inclinando as cabeças para o céu. 

 Para Branson, o lançamento foi o culminar de anos de grandes sonhos e contratempos trágicos enquanto procurava construir o que ele chama de "a primeira linha espacial comercial do mundo". Ele fundou a Virgin Galactic depois de comprar os direitos em 2004 para a tecnologia por trás da SpaceShipOne, a espaçonave financiada pelo cofundador da Microsoft Paul Allen, que chegou ao topo do espaço três vezes naquele ano, ganhando o prêmio Ansari X de US $ 10 milhões e convertendo-se no primeiro veículo privado financiado pela iniciativa privada para levar os seres humanos ao espaço. 

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O lançamento de quinta-feira também foi um marco importante para uma crescente indústria espacial comercial, que, apesar de todos os seus triunfos, ainda não mostrou que pode rotineiramente levar seres humanos ao espaço. Mas isso pode mudar em breve. 

 A Blue Origin, empresa espacial fundada por Jeff Bezos, também planeja voar turistas, embora para uma altitude maior e com um foguete que lança verticalmente, não um avião espacial. Seus primeiros voos de teste com humanos a bordo estão programados para o próximo ano. 

 A SpaceX, empresa fundada por Elon Musk, e a Boeing tem um contrato com a NASA para levar os astronautas à Estação Espacial Internacional, o laboratório em órbita, já no próximo ano. 

 Como a situação da Virgin Galactic mostra, acabar com o monopólio do governo sobre o voo espacial foi difícil. Apesar das grandes probabilidades, Branson começou sua busca para abrir espaço para as massas com suas bravatas típicas, prometendo que a companhia logo estaria levando turistas às centenas em incríveis aventuras no cosmos. 

Programa sofreu demoras

 Mas anos se passaram, o programa sofreu demora após demora e, em 2014, um revés fatal: a espaçonave se desintegrou em pleno voo, matando o piloto Michael Alsbury. Enquanto investigadores federais investigavam o acidente, Branson ponderou se deveria continuar, e, finalmente, prometeu seguir adiante. 

 Em 2016, revelou um novo avião espacial, apelidado de Unity, e a empresa iniciou seu programa de testes novamente, avançando lentamente a cada voo de teste. O voo de quinta-feira foi um marco importante no que a empresa diz que vai aproximá-la para mais perto dos turistas. Até agora, mais de 600 pessoas se inscreveram, pagando até US $ 250.000. 

 O objetivo final da empresa é construir uma série de espaçoportos ao redor do globo, "e estar operando várias vezes por semana em cada um deles e permitindo que dezenas de milhares de pessoas conheçam o espaço", disse George Whitesides, diretor executivo da Virgin Galactic. disse em uma entrevista recente. 

 Eventualmente, a empresa gostaria de transformar esses espaçonaves em "futuros hubs para uma rede de nós de transporte intercontinental", onde as espaçonaves podem transportar pessoas em todo o mundo em questão de horas. 

 No longo prazo, disse ele, a empresa quer voar "para os principais aeroportos porque temos um veículo alado que pode se integrar suavemente nos padrões de tráfego", disse Whitesides. Esse objetivo ainda é distante, disse ele. "Mas essa é a evolução - então, no final, você construiu, passo a passo, a capacidade de ir entre os continentes em uma ou duas horas."

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