O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, convocou nesta sexta-feira (10) um habilidoso apaziguador de conflitos, o ex-presidente Bill Clinton, para ajudar a convencer democratas relutantes a apoiar uma reforma tributária antes que as tarifas subam para a maioria dos norte-americanos, em janeiro.
Enquanto democratas na Câmara dos Deputados querem endurecer as provisões para os mais ricos, Clinton exortou os congressistas a aprovarem o plano em sua forma atual, antes de os republicanos assumirem o controle da Câmara, no próximo mês.
"Esse é um acordo muito, muito melhor do que o que conseguiremos se esperarmos até janeiro", afirmou Clinton em uma coletiva de imprensa na Casa Branca, com Obama ao seu lado.
Os democratas estão estudando atentamente o mandato de Clinton, na década de 90, enquanto tentam se recuperar de uma devastadora derrota nas eleições parlamentares de novembro. O ex-presidente, lendário pelas suas habilidades políticas, permaneceu no local mesmo após Obama deixá-lo para ir a uma festa de Natal.
O pacote de impostos de Obama, com valor de 856 bilhões de dólares, feito junto ao republicanos, que em breve exercerão maior influência em Washington, é visto como preocupante por muitos democratas. Eles temem que o presidente esteja dando muito poder à oposição na mesa de negociações para os próximos dois anos.
"Temos de fazer muito melhor do que esse acordo proporciona", afirmou o senador independente Bernie Sanders, que criticou o projeto no Senado por mais de seis horas na sexta-feira, sem pausa para ir ao toalete ou oportunidade para se sentar. Ele geralmente vota com os democratas.
O Senado deve aprovar o projeto até terça-feira, mas o cenário é mais incerto na Câmara. Os deputados democratas querem endurecer as provisões dos impostos, que eles dizem ser muito generosas para os norte-americanos mais ricos. Mas os republicanos do Senado, que contrariaram várias iniciativas democratas neste ano, não aceitarão mudanças no acordo sobre os impostos, disse um assessor.
Obama afirma que o Congresso deve simplificar o código dos impostos no próximo ano, mas as batalhas no Capitólio mostram as dificuldades que existem apenas em manter o atual sistema vigorando.
Os impostos vão aumentar em janeiro em uma media de 3.000 dólares por lar caso o Congresso não aja a tempo.
Economistas dizem que o pacote, especialmente um corte de impostos na folha de pagamento dos trabalhadores, pode ajudar a economia em um momento no qual o Congresso não tem apetite para incentivar o gasto público. Os custos do atual plano superariam até os 814 bilhões de dólares do pacote de estímulo aprovado em 2009 para combater a pior recessão desde a década de 30.
Os democratas discordam do fato de Obama ter cedido às exigências republicanas para que os impostos estatais sejam diminuídos de 45 por cento para 35 por cento. O presidente também concordou em aumentar a isenção aos Estados.
Apenas 40 dos 255 deputados democratas serão necessários para aprovar o pacote caso os 179 republicanos o apoiem.
Enquanto congressistas fazem a disputa política, Obama afirmou que o Parlamento deve considerar o aperfeiçoamento do código fiscal de camadas, para cortar os impostos e eliminar incentivos para o grupos mais favorecidos da sociedade. Qualquer esforço será duro, mas, caso seja aprovado, pode preparar o terreno para um maior crescimento econômico, disse Obama em entrevista à Rádio Nacional Pública
"Temos de começar as conversas no próximo ano. Acho que podemos obter um extenso acordo bipartidário que precisa ser feito. Mas exigirá muito trabalho árduo para fazer acontecer", afirmou.
A reforma tributária é uma ideia apoiada por muitas pessoas na comunidade dos negócios. Elas dizem que a estrutura tributária das empresas é tão complexa que impede investimentos e coloca as companhias norte-americanas em desvantagem.



