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Ônibus, a grande dúvida da inflação

Queda na tarifa de energia compensará os aumentos dos combustíveis e da água. Reajuste do diesel, entretanto, acrescenta pressão sobre o transporte público, que deve subir neste trimestre

Posto de gasolina na região Sul de Curitiba: um terço dos estabelecimentos visitados pela reportagem cravaram preços em R$ 2,999 | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Posto de gasolina na região Sul de Curitiba: um terço dos estabelecimentos visitados pela reportagem cravaram preços em R$ 2,999 (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)
Remarcações em Cascavel: na cidade do Oeste, os preços chegaram a R$ 3,29 |

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Remarcações em Cascavel: na cidade do Oeste, os preços chegaram a R$ 3,29

A redução de 18% na tarifa de energia para os consumidores domésticos tem potencial para neutralizar o aumento nos preços dos combustíveis na inflação de Curitiba. Segundo estimativas do Departamento In­tersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o saldo dos anúncios dos últimos dias é deflacionário. Mas resta uma grande incógnita: o transporte coletivo, que deve subir nas próximas semanas e sofre pressão adicional com o reajuste de 5,4% do óleo diesel às distribuidoras.

Em 2012, o peso da energia elétrica na composição do Índice de Preços ao Con­sumidor Amplo (IPCA) de Curi­tiba em 2012 foi de 3,37%. Se­gundo o economista Sandro Silva, do Dieese, a redução de 18% na tarifa do consumidor residencial terá impac­to de -0,67% no IPCA da capital. "O impacto direto da queda da energia é quase três vezes maior que impacto do aumento da gasolina", afirma.

Depois de um aumento repentino em novembro – alta de 13,2% de outubro de 2012 a janeiro deste ano, segundo a Agência Nacional do Petróleo – os postos de Curitiba começaram a aplicar o novo reajuste de 6,6%. Em dezembro, a gasolina tinha peso de 4,57% no IPCA da capital. Segundo o Dieese, considerando a composição do combustível, que leva 20% de álcool, o aumento justificável seria de 5,68%, com impacto de 0,25% na inflação. Ontem, o governo anunciou a elevação da mistura de álcool a 25%, a partir de 1.º de maio.

Além dos combustíveis, a desoneração da energia será suficiente para neutrali­zar o au­men­to da água. Con­siderando o reajuste de 10,62% pedido pela Sanepar, o impacto na inflação da capital seria de 0,18%. Mesmo somados, os porcentuais de impacto da tarifa da água (0,18%) e dos combustíveis (0,25%) ainda estão abaixo da redução da tarifa de energia (-0,67%).

Perspectiva

Segundo o Dieese, a previsão é de que até março a inflação continue acelerando, porque já vinha numa tendência de alta desde o segundo semestre de 2012. "A partir do segundo trimestre a expectativa é de desaceleração, com destaque aos alimentos que, por questões de safra, devem ajudar a frear o avanço".

Segundo o diretor de esta­tísticas do Ipardes, Daniel No­jima, a tendência de inflação para o início do ano é de alta. "O combate ao aumento dos preços vai ser bastante árduo no primeiro semestre, com o avanço dos preços administrados. Além disso, o reajuste da gasolina vai ter impacto importante, pois é um cenário que já não estava bom desde o aumento de novembro".

Sanepar pede revisão e conta de água pode subir 10,62%

Fernando Jasper

A conta de água dos paranaenses pode ficar até 10,62% mais cara neste ano. O pedido de reajuste na tarifa de água e esgoto foi aprovado na terça-feira, em reunião extraordinária do conselho de administração da Sanepar. O índice solicitado pela empresa é bem superior à inflação acumulada em 12 meses – em 2012, o IPCA subiu 5,73% na Região Metropolitana de Curitiba e 5,84% na média nacional.

O pedido da Sanepar será enviado ao órgão regulador, o Instituto de Águas do Paraná (Ipáguas), que vai avaliar se ela tem mesmo direito a um aumento tarifário, e de que tamanho. Na sequência, informou a companhia, "o eventual reajuste será encaminhado ao governador do Paraná para sua homologação" e "passará a vigorar 30 dias após a publicação do decreto estadual". Nos últimos dois anos, os aumentos entraram em vigor em abril.

Se confirmado, o reajuste será o terceiro da gestão de Beto Richa. Depois de ficar congelada entre 2005 e 2010, no governo de Roberto Requião, a tarifa subiu 16% em 2011 e 16,5% em 2012, o que resultou em uma alta acumulada de 35,1% em dois anos. Na ocasião dos aumentos, o governo afirmou que o objetivo era recuperar a defasagem da tarifa – que, após seis anos sem alterações, teria chegado a 33% em janeiro de 2011, no início do atual governo.

Segundo o Dieese-PR, desde 1994 a tarifa de água e esgoto no Paraná subiu 358,92% e a inflação, 301,09%. De 2005 até agora, no entanto, a tarifa acumula uma defasagem de 5,4% em relação à inflação.

Mais despesas

Questionada sobre os motivos do novo aumento, a companhia afirmou que não iria se manifestar. Seu balanço mais recente mostra que, de janeiro a setembro de 2012, as despesas operacionais aumentaram 21,5% em relação a igual período de 2011, atingindo R$ 553,1 milhões. O crescimento foi puxado principalmente por "despesas gerais e administrativas" (que subiram 33,1%) e gastos com plano de saúde e previdência (+37,4%).

Mais lucro

O forte crescimento nas despesas não chegou a ofuscar o lucro da Sanepar – ele saltou 43,1%, passando de R$ 209,8 milhões nos nove primeiros meses de 2011 para R$ 300,3 milhões no mesmo período de 2012. Nesse intervalo, a margem operacional da empresa subiu de 20,9% para 25,1% e a rentabilidade do patrimônio líquido, de 9,3% para 12,4%.

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