O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, afastou nesta sexta-feira (26) a possibilidade de sabotagem nos quatro eventos de falta de energia que ocorreram em pouco mais de um mês. Nesta sexta,a região Nordeste e parte do Norte ficaram sem luz durante a madrugada e, segundo Chipp, um ato de vandalismo teria causado danos aos equipamentos, que não foi verificado nos últimos casos. A empresa responsável pela distribuição de energia as duas regiões atribuiu a um raio o incêndio em um equipamento entre as subestações de Colinas (TO) e Imperatriz (MA) e que resultou um desabastecimento de energia.
O presidente da Taesa, controlada pela Cemig, José Aloíse Ragone afirmou nesta sexta-feira (26) que, provavelmente, um raio teria sido a causa de uma sobrecorrente na linha de transmissão. "Mas isso não é uma desculpa, não queremos nos esconder por trás de um evento natural. Estamos apurando o motivo de a proteção não ter funcionado, que foi a causa principal da ocorrência", afirmou. O caso é investigado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Perguntado sobre a hipótese de sabotagem, o ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse que o governo "trabalha para aprofundar todas as alternativas, mas de forma serena". Para ele, a ocorrência de quatro eventos de falta de energia em pouco mais de um mês, com causas parecidas, foi classificada como um "evento raríssimo de ocorrer, com probabilidade quase zero".
Zimmermann, que coordenou a reunião extraordinária do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico ocorrida nesta sexta(26), disse que, em todos os eventos recentes, houve falhas na proteção primária dos equipamentos, o que acabou estendendo a falta de energia para diversas regiões.
No "Bom Dia Brasil", da TV Globo, o presidente da ONS, Hermes Chipp, disse que um curto-circuito provocou o incêndio na linha de transmissão. Com isso, o sistema de segurança teria desligado a conexão entre os sistemas do Norte e do Nordeste ao do Sul e Sudeste.
A ONS já havia informado na madrugada que o desligamento ocorreu à 0h14 (horário de Brasília). As primeiras informações surgiram nas redes sociais ainda no fim da noite de quinta-feira.
A linha de transmissão é operada pela empresa Taesa. Segundo informação da assessoria de imprensa da ONS, o problema demorou pouco mais de uma hora para ser resolvido. Portanto, por volta da 1h30, a energia na linha principal já tinha sido restabelecida. No entanto, as distribuidoras de energia levaram mais tempo para restaurar a energia nas linhas secundárias.
A energia já tinha sido retomada em todos os Estados do Nordeste, além do Pará e do Tocantins, por volta das 7h40 desta sexta-feira.
Estados atingidos
O apagão atingiu nove estados do Nordeste e parte do Norte. Concessionárias de Ceará, Maranhão, Paraíba e Bahia confirmaram o blecaute. As redes sociais informam ainda sobre falta de energia no Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Piauí e parte dos estados do Pará, Tocantins, além de parte do Distrito Federal.
Segundo a assessoria de imprensa da Coelba, companhia de eletricidade da Bahia, o Estado inteiro ficou sem luz. A energia começou a ser reestabelecida por volta das 2h40 (horário de Brasília), recebendo energia das usinas de Itapebi e Funil.
A Celpe, companhia de eletricidade de Pernambuco, informou que 100% do Estado foi afetado pela falta de energia e que ainda não sabe as causas do problema.
Por volta das 23h30m (horário local), a Paraíba também sofreu um apagão que afetou todas as cidades do Estado. De acordo com informações da assessoria de imprensa da concessionária de energia elétrica do Estado, Energisa, o problema não é de distribuição.
Em Fortaleza, moradores dos bairros, Messejana, Benfica, Jardim Iracema, Barra do Ceará, Fátima, Aldeota, Meireles relataram a queda de energia. Moradores de outras cidades do estado como Crato, Juazeiro do Norte, Sobral e Maracanaú usam as redes sociais para falar sobre a falta de energia.
Segundo apagão em 35 dias
É a segunda vez nos últimos 35 dias que ocorre um apagão na região Nordeste. Em 22 de setembro, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), órgão responsável por administrar o Sistema Interligado Nacional, um problema nas interligações Sudeste/Norte e Sudeste/Nordeste, atingiu o fornecimento de energia elétrica em parte da região Nordeste do país.
No último dia 3, um incêndio em um equipamento acessório de um dos quatro transformadores da usina hidrelétrica de Itaipu deixou parte das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além dos Estados do Acre e Rondônia, sem energia por cerca de meia hora. Na ocasião, o presidente do ONS qualificou o ocorrido como um "apaguinho". "Apagão é quando desliga todo o Estado ou toda região, isso é mais um apaguinho", disse (leia mais bo box acima).
Termelétricas
Na quinta-feira, o ONS anunciou que irá aumentar, a partir do final de semana, a geração de energia termelétrica a óleo para 3.500 megawatts (MW) a 4.000 MW, para garantir o abastecimento de energia elétrica no país.
Segundo o órgão, as chuvas ainda não foram suficientes para encher os reservatórios das hidrelétricas até o nível desejado.
Atualmente, cerca de 2.100 MW de termelétricas a óleo já estão gerando energia para o sistema elétrico.
O acionamento de geração termelétrica aumenta o custo da energia para os consumidores, já que a energia a óleo é mais cara que a das hidrelétricas diante do custo do combustível. Mas as termelétricas colaboram para garantir a segurança no abastecimento de energia quando os reservatórios das hidrelétricas estão baixos.
No Sudeste/Centro Oeste, os reservatórios estão com 39,33% de armazenamento de água, no Nordeste com 35,7%, no Sul com 37,99% e no Norte com 43,76%, segundo dados atualizados no site do ONS.



