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Bradesco tem o maior lucro da História dos bancos no 1º trimestre

O lucro do Bradesco no primeiro trimestre foi o maior para os primeiros três meses do ano entre bancos não estatais de capital aberto nos últimos 20 anos, segundo levantamento da consultoria Economática. Os ganhos de R$ 1,705 bilhão só não foram maiores do que os do Banco do Brasil no primeiro trimestre do ano passado, que foi de R$ 2,412 bilhões (valor ajustado pela inflação oficial).

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O crédito está renascendo no país. A afirmação é do vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, após conhecer os números relativos ao desempenho do Bradesco, no primeiro trimestre de 2007.

A exemplo do anunciado pelo Santander, na semana passada, o lucro do maior banco privado brasileiro divulgado nesta segunda-feira, de R$ 1,705 bilhão no primeiro trimestre do ano, foi estimulado pelo forte crescimento nas operações crédito e ajudado por uma estabilidade, ou até pequena melhora, nos níveis de inadimplência .

— Apesar de a atividade principal de um banco ser a de fomentar o desenvolvimento econômico, no Brasil nunca tivemos crédito. Hoje, as operações crescem de forma expressiva , mas o país ainda está longe financiar a totalidade do crescimento, como acontece nas economias mais avançadas — disse.

Miguel de Oliveira lembra que, nesses países, o volume de crédito emprestado equivale a 100% do PIB, sendo que nos Estados Unidos e na China atinge 180%. No Brasil ainda representa apenas 31%, assinala o dirigente.

Segundo ele, os principais beneficiados com esses empréstimos, atualmente, são tanto pessoas comuns quanto empresas, mas todos se beneficiando de uma oferta maior de dinheiro e de exigências menores para a concessão.

— As pessoas jurídicas ainda respondem pelo maior volume de crédito; no entanto, o crescimento é maior entre as pessoas físicas. Em 2006, as concessões para empresas cresceram 15%, enquanto para os cidadãos aumentaram 25%. Hoje, o volume chega a quase 50%, dividido entre físicas e jurídicas, mas há dois anos era de 30% (físicas) e de 70% (jurídicas) — explica.

A coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste), Maria Inês Dolci, no entanto, recomenda cautela às pessoas interessadas em obter empréstimos.

— Segundo o IBGE, o país tem hoje 42 milhões de famílias sofrendo de endividamento crônico. As facilidades oferecidas são tentadoras, o que contribui para que muitos consumidores inadimplentes se endividem mais ainda, principalmente em datas festivas — alerta.

Para o analista da Austin Rating, Luis Miguel Santacreu, apesar de o crédito ter se expandido de forma expressiva no primeiro trimestre (16,5% para pessoa física e 22,9% para pessoa jurídica) em relação a igual período do ano passado, alguns fatores ajudam a explicar esse aumento.

— O principal aspecto é que o começo de 2006 não foi tão bom quanto o deste ano. No cenário externo, a ansiedade em relação aos rumos da economia americana era maior do que hoje. No Brasil, o ano era de eleições e havia uma crise política dominando as atenções, que contaminava também o ambiente econômicomuito grande — pondera.

O analista ressalta que o Bradesco não adquiriu nenhuma grande instituição de peso que pudesse influir no balanço da companhia, o que evidencia que os bons resultados vêm mesmo do crédito.

— Ou seja, a instituição está buscando acomodar seus ativos em operações de crédito, até mesmo em função da baixa remuneração de algumas aplicações, devido à queda dos juros — lembra.

O aumento nas operações de crédito, segundo Miguel de Oliveira - também diretor executivo de pesquisas econômicas da Anefac -, começou a se verificar a partir de 2005, quando os bancos passaram a classificar os lucros com Tesouraria (empréstimos para o governo) como segunda maior - e não mais principal - fonte de receita. Em terceiro lugar, e cada vez mais presentes, as tarifas bancárias.

— Há cinco anos, os bancos quase não cobravam tarifas, pois os ganhos vinham do overnight. Mas, já em 2001, as tarifas respondiam por 9% da receita dos bancos. Hoje, chega a 17%. Isso porque os bancos criam novas tarifas e aumentam os seus valores acima da inflação. O aumento no número de clientes também explicaria o peso cada vez maior das taxas nos lucros das instituições.

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