
Com a melhora da conexão de banda larga fixa, a chegada da rede de quarta geração de telefonia celular e os avanços na tecnologia dos dispositivos móveis, as operadoras brasileiras estão investindo na oferta de conteúdo. Claro e Vivo anunciaram ontem projetos nesse sentido durante a Futurecom, maior evento de telecomunicações do país, realizado no Rio de Janeiro.
A Claro apresentou o Claro Video, aplicativo similar a alguns presentes no mercado brasileiro, como Netflix e NetMovies. O serviço será lançado no primeiro trimestre de 2013 em todo o país e não será exclusivo para clientes da operadora. O objetivo é que o app possa ser baixado em tablets e celulares iOS e Android, e também em consoles de videogame, como o Xbox 360, da Microsoft. Os preços não foram informados.
A Telefônica/Vivo anunciou a entrada no mercado de tevê por assinatura por meio da rede de fibra óptica, uma solução conhecida como IPTV. A GVT TV opera com infraestrutura semelhante, um híbrido de IPTV e DHT (via satélite). O serviço começará em São Paulo, onde a empresa já cobre um milhão de domicílios com internet por fibra 100 mil são clientes. O presidente da empresa, Antônio Carlos Valente, diz que não haverá "canibalização" do mercado da TVA, empresa do grupo. O programa deve se expandir por São Paulo ao longo de 2013. Não há previsão de chegada do serviço no Paraná.
A opção das operadoras em investir na oferta de conteúdo é uma tentativa de encontrar novas fontes de receita. Há uma tendência clara dos consumidores com smartphones de deixar de utilizar SMS e serviços de voz, priorizando os aplicativos over-the-top, que apenas rodam sobre a rede banda larga. O aplicativo de mensagem Whatsapp e o de Voip Skype, por exemplo, passaram a ser opções mais econômicas para os usuários.
Rede rápida
Claro e Vivo também deram mais detalhes sobre suas redes 4G. A Claro anunciou a chegada a Curitiba da internet superrápida para celular até dezembro do ano que vem, "mas provavelmente bem antes disso", de acordo com o presidente da companhia, o mexicano Carlos Zenteno. As seis cidades-sedes da Copa das Confederações serão priorizadas, obedecendo o cronograma do governo federal, que prevê cobertura mínima de 50% de internet 4G até abril do ano que vem, na área urbana desses municípios. Depois dessa data, a empresa vai se focar nas cidades restantes que serão sede da Copa do Mundo, incluindo Curitiba. Ericsson e Huawei serão as fornecedoras dos equipamentos para a operação 4G as mesmas que atuarão com a Vivo. Pela regra do governo, 50% dos equipamentos devem ser produzidos no Brasil.
A Vivo deve lançar em breve, começando por São Paulo, internet banda larga de 200 megabits por segundo (Mbps). Hoje, o plano de maior velocidade para pessoa física é de 100 Mbps.
Até 2014, 135 milhões de celulares com banda larga
O Brasil deve, nos próximos dois anos, mais do que dobrar o número atual de 60 milhões de celulares com banda larga, segundo um relatório feito pela consultoria Deloitte para a GSMA, entidade que representa mais de 800 operadoras de telefonia móvel do mundo. O país é quarto maior mercado do mundo no segmento.
A GSMA realizou a sua reunião global no Rio de Janeiro, na última semana. O italiano Franco Bernabè, presidente da GSMA e da Telecom Italia, controladora da TIM no Brasil, reclamou bastante do alto custo dos impostos sobre o setor de telefonia. Segundo ele, o Brasil lidera a carga tributária sobre o setor em todo o mundo. "Há 20 anos o telefone celular era um bem de luxo. E os impostos refletiam isso. Mas o celular se tornou um item popular de consumo. A filosofia de impostos sobre a telefonia móvel também precisa mudar."
De acordo com o relatório, o país arrecadou R$ 52,2 bilhões em impostos com o setor de telefonia móvel no ano passado. Entre operadoras e prestadoras de serviços, foram gerados 250 mil empregos no ano. Na conversa com jornalistas, Bernabè se ateve a discutir assuntos da GSMA, e não quis responder questões relacionadas à Telecom Itália ou a TIM.
A entidade listou três questões como prioritárias para melhorar a qualidade da telefonia móvel no país. Além da redução da carga tributária, pediu uma legislação para tornar mais eficiente a instalação de antenas pelas operadoras e uma melhora na qualidade de serviço por parte de fabricantes e produtoras de conteúdo. "O Brasil tem mais de 200 legislações diferentes relacionadas à instalação de antenas. Sabemos que é um processo demorado e burocrático", disse Anne Bouverto, diretora-geral da GSMA.
O outro ponto está relacionado à qualidade dos aparelhos vendidos e dos serviços prestados por celular, como aplicativos e sites desenvolvidos para terem melhor desempenho em acessos móveis. Ela citou a diferença de experiência para quem usa um celular como o Galaxy S III, da Samsung, para aparelhos de gerações anteriores. "É um aparelho com NFC e otimizado para uso de internet."



