Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Telefonia

Operadoras se protegem contra calotes

Teles reservaram mais dinheiro para arcar com possíveis calotes | Folhapress
Teles reservaram mais dinheiro para arcar com possíveis calotes (Foto: Folhapress)

A inflação resistente e os juros que começam a subir fizeram soar o alerta nas empresas de telefonia. Com medo do aumento da inadimplência dos consumidores, companhias como Vivo, Oi e TIM já separaram R$ 484,73 milhões nos primeiros três meses deste ano para arcar com um possível calote de seus clientes. O número, chamado de provisão para devedores duvidosos (PDD), representa um avanço de 10,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando as três companhias haviam reservado R$ 438,54 milhões. A Claro não foi incluída no levantamento porque é empresa de capital fechado e não tem obrigação de publicar seu balanço financeiro.

O crescimento é explicado ainda, segundo economistas e as próprias companhias, pelo aumento nas vendas de celulares mais caros, como smartphones e tablets, como iPad, da Apple, e o Galaxy, da Samsung. Com aparelhos mais potentes, o consumidor aderiu com força aos planos pós-pagos (de conta): as três teles registraram alta de 16% no número de clientes, para 37,082 milhões. Já no caso dos usuários pré-pagos (de cartão) o avanço foi de 1,5%, para 156,675 milhões.

"Para as teles, esse é um ano de cautela em relação ao endividamento. O ano começou com uma expectativa de crescimento da economia e dos salários. Agora, o avanço é menor do que o esperado. As famílias, já endividadas, viram o aumento dos preços comerem os ganhos reais dos salários. Em 2012, havia uma desaceleração da economia e juros em queda. Neste ano, a economia continua crescendo menos, mas com os juros em alta. E os juros em trajetória de alta aumentam a preocupação com o calote", diz Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do Banco Central (BC).

"Todas as empresas estão preocupadas. É algo geral. Com o aumento nos juros, as empresas preventivamente aumentam suas provisões. As classes C e D, que entraram com força no mercado consumidor, foram fisgadas pelas ofertas e ações de marketing das teles", afirma Claudio Goldberg, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Aumento

No caso da Vivo, a maior empresa do setor, a provisão aumentou 11,7% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 203,1 milhões. Na TIM, a provisão somou R$ 72,631 milhões, alta de 28,2% ante o mesmo período do ano passado. Em seu balanço, a companhia explica que "esse desempenho é explicado principalmente por um aumento no mix de pós pago sobre o total da base de clientes".

Na Oi, foram provisionados R$ 209 milhões, valor 4,5% maior em relação ao início do ano passado. Assim como ocorreu nas outras teles, a Oi teve alta de 19,6% no número de clientes pós-pagos (para 6,664 milhões) e de 3,6% nos pré-pagos (para 39,905 milhões). Em relação ao trimestre anterior, houve avanço de 33,1%. A Oi diz que o percentual de PDD em relação a receita líquida está estável em 3%. "É um cenário que está preocupando. E isso vai afetar o crescimento dos pacotes de 4G, que são mais caros, assim como os aparelhos celulares", diz o executivo de uma das teles.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.