
O governo está prestes a lançar um pacote de medidas para atrair os turistas estrangeiros para o Brasil, visando aos grandes eventos esportivos: Copa e Jogos Olímpicos. Redução de tarifas aeroportuárias, corte de impostos sobre combustível de aviação e bens para hotéis e parques temáticos, além de redução do custo da energia para todo o setor estão no cardápio. Ao todo, há 14 medidas sobre a mesa de negociação que reúne a equipe econômica, o Ministério do Turismo, a Infraero, a Embratur e os empresários.
Nesta semana, deve ser publicada no Diário Oficial autorização para que a Embratur use R$ 8 milhões para fazer propaganda no exterior de voos diretos para o Brasil. As companhias aéreas e empresas de turismo poderão se candidatar para receber esse dinheiro. O objetivo é ampliar os portões de entrada dos estrangeiros que geralmente desembarcam no Rio e em São Paulo.
A equipe econômica também estuda a mudança de classificação de equipamentos para parques temáticos e hotéis. Se a pressão do setor der certo, tevês e aparelhos de ar-condicionado seriam rotulados como investimento e teriam corte de impostos. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH), a ocupação dos hotéis no Rio de Janeiro, por exemplo, é de 85% em média. "Isso significa que, no ano, há picos de 100% de ocupação. O Rio já perde grandes eventos hoje. Na Copa, estamos falando de 600 mil turistas estrangeiros", diz o presidente da ABIH, Enrico Fermi Torquato.
O presidente da Embratur, o ex-deputado Flávio Dino (PCdoB-MA), assumiu o cargo há cinco meses e terá de lidar com problemas de infraestrutura e promoção. Ele pediu que sua equipe levantasse os casos de campanhas publicitárias de sucesso do Brasil, mas não havia nenhuma para ilustrar a apresentação feita há pouco mais de um mês para os secretários estaduais.
A principal crítica dos turistas estrangeiros ainda segue sem remédio: a prestação de serviço. A crise política do primeiro ano do governo Dilma Rousseff provocou a suspensão do programa de qualificação por suspeita de desvio de dinheiro. Agora, o Ministério do Turismo estuda usar o Sistema S (como Senai e Senac) para treinar mão de obra. Outro desafio é facilitar a entrada pelas fronteiras do país. Atualmente, os postos da Polícia Federal e da Receita Federal já têm fila. E cerca da metade dos turistas que o país recebe hoje vem por terra.
Embratur põe mexicanos e canadenses na mira
Para dar uma guinada nos rumos do turismo de estrangeiros no país, a Embratur vai concentrar o uso dos R$ 48 milhões que tem para gastar em publicidade. Na nova estratégia, o presidente do órgão, o ex-deputado federal Flávio Dino (PCdoB-MA), resolveu reduzir os países onde esse dinheiro será gasto. Eram 35 e agora são 17 países, principalmente México o maior emissor de turistas para a Copa da África do Sul e Canadá. O Brasil quer deixar de ser um destino clássico apenas para argentinos. "Os mexicanos são amantes do futebol como nós. Se foram para a África, não é possível que, aqui do lado, não virão", alega Dino.
O Brasil também reabrirá as filiais da Embratur no exterior que passaram 2011 fechadas. A internet é outro foco, já que a maioria dos turistas decide na rede o destino das férias. Foi posto no ar um vídeo interativo em 3D com cinco cidades que serão sede da Copa de 2014. No Rio, é possível fazer uma viagem de asa-delta sobre a cidade. Em Manaus, o passeio é num barco virtual para conhecer as redondezas. Em Curitiba, é numa bicicleta.
"Combo"
O Executivo quer um acordo entre governadores para que sigam o exemplo de Rio de Janeiro, Bahia e Amazonas, unindo-se ao apresentar roteiros aos estrangeiros numa espécie de venda "três em um": em uma viagem só, o turista conhece os três estados.



