
Diante de limitações operacionais nas linhas de transmissão de Furnas, Itaipu perdeu espaço no fornecimento da energia consumida no país neste período de recordes de consumo. Se, em dezembro e janeiro, a usina vinha fornecendo 14% da energia consumida, agora fornece pouco mais de 12%, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).Não que a usina esteja produzindo menos. Relatórios do ONS mostram que a energia fornecida pela hidrelétrica está na mesma faixa de antes, entre 7,5 mil e 8 mil megawatts (MW) médios. No entanto, conforme o diretor geral do ONS, Hermes Chipp, a decisão visa a aliviar o sistema, restringindo o risco de uma sobrecarga.
Isso porque o fluxo em algumas linhas de transmissão que trazem energia de Itaipu vem sendo reduzido para que Furnas faça manutenções, o que foi intensificado desde o último apagão, em novembro. Uma das possíveis causas apontadas para o blecaute, na época, foi a falha de equipamentos, chamados isoladores, por causa da chuva, em três linhas.
Assim, a participação das usinas termelétricas, que era de aproximadamente 2,5% no fornecimento da energia consumida no país, atingiu 4,12% ontem.
O problema de usar menos Itaipu é que a energia da hidrelétrica é mais barata do que a das termelétricas. Chipp estima que esse uso emergencial custará R$ 80 milhões, a serem repassados ao consumidor.
A precaução adicional com o sistema, adotado pelo ONS, é uma consequência do último apagão. Desde então, o ONS vem trabalhando com o critério de "contingência tripla". Em outras palavras, o planejamento da segurança da rede de transmissão passou a ser feito de forma a considerar alternativas para evitar blecaute na hipótese de três linhas de transmissão entrarem em curto ao mesmo tempo. O procedimento padrão de segurança para o trecho onde se originou o apagão é considerar a hipótese de saída de até duas linhas. O problema é que, quando houve o apagão, saíram três linhas, algo que, de acordo com especialistas, é praticamente impossível de acontecer em condições normais.



