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A razão de tanta procura pelas empresas de encaminhamento médico, para a consultora em saúde Andrea Mente, da Assistants, é o ainda elevado preço dos planos de saúde – que se tornam inatingíveis para a população das classes C e D. "Ainda por cima, há uma tendência de elitização dos planos de saúde, porque os custos da assistência médica crescem a taxas maiores do que a inflação", comenta Andrea.

Segundo ela, as novas tecnologias e equipamentos da medicina acabam encarecendo as mensalidades a taxas maiores do que um cliente de baixa renda conseguiria suportar. "Apesar de a Agência Nacional de Saúde (ANS) controlar os aumentos, existe uma tendência de crescimento acima da inflação. O usuário de baixa renda fica mesmo no colo do Estado, e quem tem um pouco mais de condição acaba indo para essas empresas de encaminhamento."

O ortopedista Gustavo Magalhães, de Belo Horizonte, é um defensor da atividade. Para ele, a saúde suplementar no Brasil hoje, restrita aos planos e seguros de saúde, é excludente. "É preciso que se tenha consciência do nível econômico dos brasileiros. A população hoje não tem condições de pagar os planos de saúde. E se acabarem com essas empresas, o que é que se faz com essa população? Exclui?", questiona Magalhães.

Andrea Mente, da Assistants, lembra que muitas operadoras estão lançando planos voltados às classes C e D, baseados principalmente em mecanismos de co-participação, em que o cliente paga uma porcentagem das consultas e exames, mas ainda assim atingem uma pequena parcela dessa população. "Existem, sim, opções para um público mais humilde, mas as empresas de encaminhamento acabam sendo mais emergenciais."

O advogado da Associação Brasileira de Medicina de Grupo do Paraná (Abramge-PR), Alexandre Loper, lembra que a obrigatoriedade de uma garantia mínima de cobertura pelos planos de saúde faz com que o preço cobrado seja necessariamente mais alto. "Não conseguimos chegar a um preço tão baixo que atinja o consumidor das classes C e D", diz.

Loper destaca que, justamente para alcançar esses consumidores, a Abramge-PR defende a segmentação das coberturas. "Poderíamos ter um plano ambulatorial mais limitado, por exemplo, só para consultas e exames; ou um plano hospitalar para situações mais simples. Mas isso depende de lei, e a ANS é contra." (EHC)

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