O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) prevê a desaceleração da economia ao longo do ano e espera uma taxa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,5% a 6,5% em 2010. A projeção é mais conservadora do que a do Ministério da Fazenda, de 6,5% a 7% este ano.
O menor ritmo de expansão da economia a partir do segundo trimestre será ditado pelo fôlego menor dos investimentos, do consumo das famílias e também pela contribuição negativa do setor externo.
Para o coordenador de análise e previsões do Ipea, Roberto Messenberg, a solução para contornar as deficiências estruturais da economia brasileira é o aumento do investimento público. Para o Ipea, o aumento de produção na indústria continua a reboque da demanda. "Esse crescimento recente do investimento não se sustenta. A economia não está preparada para que o investimento passe a dar a dinâmica da expansão", disse o economista, na divulgação da Carta do Ipea. "Não vejo crescimento muito forte no consumo nos próximos meses e o investimento vai desacelerar também. O consumo tem de ser coadjuvante no crescimento, mas não conseguimos isso", afirmou.
Empréstimos
Os empréstimos do Tesouro para o BNDES a juros subsidiados têm sido alvos de críticas por estarem contribuindo para o aumento da dívida pública. Messenberg defende a ação anticíclica do BNDES, lembrando que os ativos gerados pelos projetos financiados não estão sendo computados ao custo fiscal.
"O BNDES foi essencial para manter a atividade e evitar uma queda forte do PIB em 2009", defendeu. No entanto, o economista diz que o melhor caminho para elevar o investimento a outro patamar a partir de 2011 é aumentar os gastos públicos em infraestrutura.
Sinal amarelo
Messenberg também apontou "um sinal amarelo" em relação às contas externas do país, com o que chamou de "enxurrada de importações". Ele também manifestou preocupação com a deterioração da composição do balanço de pagamentos.



