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Ponte da Amizade

Paraguaios fazem contrabando de tomate

Governo do Paraguai proibiu importação do produto, que é quase 70% mais barato no Brasil

Paraguaia enche o porta-malas com tomates e batatas: propina ajuda a contornar fiscalização | Marcos Labanca/Gazeta do Povo
Paraguaia enche o porta-malas com tomates e batatas: propina ajuda a contornar fiscalização (Foto: Marcos Labanca/Gazeta do Povo)

Uma portaria expedida há um mês pelo Ministério da Agricul­tura do Paraguai está estimulando o contrabando no sentido inverso do seguido por equipamentos de informática e cigarros na Ponte da Amizade. Proibidos de importar tomates e cenouras do Brasil e da Argentina, muitos paraguaios têm cruzado a fronteira para encher os carros com os produtos em Foz do Iguaçu de maneira irregular.

Atraídos pelo preço quase 70% menor, no caso do tomate, centenas de paraguaios frequentam os atacadistas de alimentos de Foz do Iguaçu, principalmente os da Vila Portes, bairro localizado ao lado da ponte. Para contornar a proibição, alguns paraguaios dizem que precisam subornar os fiscais na ponte. "Você sabe como é o Paraguai, é só dar um dinheiro para o fiscal que a mercadoria passa tranquilamente", diz o proprietário de um pequeno mercado em Ciudad del Este que preferiu não se identificar. "Na maioria das vezes os fiscais nem olham o porta-malas, deixam passar. Se olharem, é só dar o dinheiro", afirma Monica Villalba, enquanto compra pêssegos, tomates e batatas na Ceasa de Foz.

Na semana passada, autoridades aduaneiras do Paraguai apreenderam 20 toneladas de tomate brasileiro que entrou sem permissão no país pela Ponte da Amizade. A mercadoria foi confiscada na cidade fronteiriça de Hernandarias, armazenada num caminhão. A carga foi comprada no Brasil e seria transportada até o município paraguaio de Curuguaty.

Proibição

A medida do Ministério da Agricultura do Paraguai causou muito descontentamento entre lojistas e importadores – na manhã de ontem, eles protestaram em frente às principais centrais de abastecimento do país. Os agricultores locais, por sua vez, denunciam o contrabando. Produtores de tomate do Paraguai chegaram a bloquear um rodovia que liga Ciudad del Este a Coronel Oviedo e Assunção, por cerca de 30 minutos.

Na opinião dos comerciantes e importadores paraguaios, quem mais sofre com a proibição é o consumidor final. "Com essa medida protecionista vamos quebrar. Os preços vão subir absurdamente e o mercado paraguaio ficará sem abastecimento", afirma Silvio Riveros, presidente da Associação de Hortifrutis do Paraguai. Lá, o quilo do tomate nos supermercados está custando, em média, R$ 6,40. No Brasil o valor cai para R$2,20.

Recuo

O argumento dos comerciantes já surtiu algum efeito – a portaria que instituiu a proibição também vedava a importação de repolho, pimentão, cebola, abacaxi e banana do Brasil. Na última segunda-feira, porém, o Ministério da Agricultura do Paraguai voltou atrás e manteve o veto apenas para tomates e cenouras.Na Ceasa de Foz do Iguaçu, os atacadistas esperam ter um aumento de até 20% nas vendas, já que os paraguaios representam mais de 45% dos compradores da Ceasa e muitos não queriam correr o risco do contrabando. "Esse recuo do governo paraguaio é uma ótima notícia, esperamos um crescimento em torno de 20% em relação às semanas em que os produtos estavam proibidos pelo Paraguai", diz Cleuza Bergamini, proprietária de um box.

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