Perto de 50 mil famílias do Paraná (49.284, precisamente) 1,5% do total de famílias do estado podem ser consideradas ricas, levando-se em conta a renda média mensal. A informação é de um estudo desenvolvido em 2004, apresentado no livro "Os ricos no Brasil", terceiro volume da coleção Atlas da Exclusão Social. Com base em dados do IBGE, especialistas da Unicamp e outras universidades paulistas chegaram à conclusão que 1,16 milhão de famílias brasileiras são privilegiadas do ponto de vista financeiro: têm renda familiar mensal per capita 14 vezes maior do que a remuneração média brasileira e 80 vezes superior à linha da pobreza na qual se encontram 20% da população.
O "rico" que aparece no levantamento nacional é mais modesto do que o dos padrões internacionais usados na classificação de milionários da Merrill Lynch, que leva em consideração o capital acumulado e não necessariamente o rendimento mensal. Foi considerada rica pelo Atlas da Exclusão, em parâmetros de 2003, a família que ganhava, em média, acima de R$ 11 mil per capita por mês (há variação de cálculo conforme a região). No Paraná, os ricos ganham em média R$ 25 mil mensais. Curitiba concentra quase metade dos ricos do estado (20.872 famílias) e é a sétima cidade em quantidade de abastados do país.
Entender a quantidade e origem dos ricos ajuda a compreender a desigualdade social do Brasil, diz o professor Márcio Pochmann, do Instituto de Economia da Unicamp, organizador do estudo. "A riqueza no Brasil é algo repassado. A cada duas pessoas ricas, uma é por herança; não foi acumulada a custa de trabalho", explica. Não que o economista considere o rico um culpado pela concentração de riqueza. "Os ricos não são socialmente bem compreendidos. Mas, ao mesmo tempo, não existe igualdade de oportunidades e, a partir do momento em que é algo herdado, nem todos suam a camisa para manter o país crescendo. Quando o país cresce, todos se beneficiam. O ideal é que houvesse muito mais ricos no país e nenhum pobre", avalia.
Parte da solução para a concentração de riqueza, afirma Pochmann, está na tributação progressiva. "Não se trata de empobrecer os ricos, mas de cobrar de quem pode pagar mais." O professor da Unicamp cita o exemplo da Inglaterra. "Não existe herança para a quarta geração. Cada vez que morre o dono do capital, o estado fica com 25% da riqueza. Isso incentiva que as pessoas trabalhem para obter resultados, não só desfrutem de esforços do passado", acentua.



