
A Santos Brasil empresa que controla o Porto de Santos e é responsável por metade de sua movimentação de cargas e 20% do total nacional está investindo R$ 440 milhões no Porto de Imbituba, cidade a 80 quilômetros de Florianópolis, em Santa Catarina. O terminal tem tudo para atrair boa parte das cargas de contêineres oriundas do Sudoeste paranaense, do centro-oeste de Santa Catarina e do norte e centro do Rio Grande do Sul, afetando não só o Porto de Paranaguá, mas também os de Itajaí (SC) e Rio Grande (RS).
O investimento contempla o arrendamento do terminal de contêineres do porto (Tecon Imbituba), por meio de um contrato de 25 anos, com possível renovação por mais 25, e uma série de investimentos na ampliação e modernização da área que passará dos atuais 76 mil metros quadrados para 250 mil metros quadrados , além da capacitação de mão de obra. A expectativa é que em 2012 Imbituba passe a ter capacidade para receber navios de quinta geração, que operam as principais rotas internacionais e carregam até 8,6 mil TEUs (ou 4,3 mil contêineres de 40 pés).
Outra possibilidade é que Imbituba venha a compor uma nova linha de navegação com o Porto Itapoá, terminal privado com características parecidas e que entrou em operação no mês passado, e que também se transforme no principal hub (ponto concentrador e distribuidor de cargas) do extremo sul da América do Sul.
As especulações se justificam pelos novos equipamentos que chegaram no fim de junho dois portêineres (movimentadores de contêineres) superpost-panamax, que praticamente dobram a velocidade atual de carga e descarga e também pelas características físicas do terminal. Por ser um canal aberto ao mar, Imbituba é menos afetado por restrições meteorológicas que o Porto de Itajaí, o principal da região, que movimentou mais de 950 mil TEUs em 2010. Em períodos de muita chuva e cheia do rio, manobras e até mesmo a atracação dos navios ficam restritas, com ocorrência frequente da chamada "barra fechada" estado em que o porto fica fechado para entrada e saída de navios.
"Nos três anos que estou aqui em Imbituba, o porto não fechou nenhuma vez. Isso é importante em termos de eficiência, porque colabora para a atração de embarcações maiores e a manutenção das janelas [períodos em que o navio está marcado para atracar]", explica a gerente comercial da Santos Brasil, Rejane Scholles, que trabalha há quase 30 anos na área portuária.
Nos próximos anos, se a demanda se justificar, mais dois portêineres serão adquiridos. Com isso, a capacidade estática do Tecon Imbituba passaria dos atuais 150 mil TEUs para 950 mil TEUs por ano, aproximando-se de Itajaí e Paranaguá o TCP, terminal de contêineres do porto paranaense, movimenta hoje cerca de 800 mil TEUs, com planos de ampliação para 1,2 milhão de TEUs.
A fé da Santos Brasil no Tecon Imbituba é tanta que a empresa comprou uma área de 2,1 milhões de metros quadrados 5 quilômetros de frente na BR-101, licitada pelo governo de Santa Catarina, para instalar um grande retroporto, com espaço suficiente não só para armazenar cargas, mas abrigar indústrias e outros negócios que queiram se beneficiar da proximidade do porto e da rodovia.



