Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Aviação

Passagem aérea encarece apesar da baixa no petróleo

Disparada do preço do combustível foi usada como argumento para reajuste. Agora, recuo no custo das empresas não se traduz em redução de preço para o consumidor

Aviões da Gol e da TAM no Aeroporto Afonso Pena: concorrência com a Azul pode reduzir preço das passagens. | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Aviões da Gol e da TAM no Aeroporto Afonso Pena: concorrência com a Azul pode reduzir preço das passagens. (Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo)

Apontada por alguns especialistas como "o lado bom da crise", a queda de mais de 53% na cotação internacional do petróleo não teve nenhum impacto nos preços praticados pelo mercado brasileiro de aviação civil.

O querosene de aviação, derivado do petróleo utilizado como combustível pelos aviões, representa cerca de 40% do custo operacional das grandes companhias aéreas. Recentemente, este argumento foi utilizado para justificar aumentos no preço das passagens domésticas. Mas a flutuação das tarifas não ocorreu no sentido inverso, quando o combustível de aviação teve uma redução de 15%, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Ao contrário, os preços estão nas alturas: em um ano, a ponte aérea Rio-São Paulo acumula alta de quase 190%; o trecho Curitiba-São Paulo está 150% mais caro, de acordo com o boletim de acompanhamento econômico divulgado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Já a passagem entre Curitiba e Londrina, que em novembro de 2007 custava R$ 165, sofreu reajuste de 57% e custa hoje R$ 259.

Para o professor de mercadologia e gestão de empresa aérea da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Mauro Martins, mesmo com a desvalorização do real, a queda do preço do petróleo tornou o custo do combustível aéreo cerca de 40% menor do que estava em meados de junho.

De acordo com o professor, empresas como Gol e TAM compram grandes quantidades de combustível antecipadamente, o que, em tese, diminui a margem de reajuste imediato de acordo com as flutuações de preço. Mas o especialista aponta uma outra possível causa para os preços exorbitantes. "Juntas, Gol/Varig e TAM dominam 92% do mercado nacional e podem praticar os preços que bem entenderem. Agora, as empresas estão aproveitando para fazer caixa diante da entrada de uma nova concorrente", diz Martins, referindo-se à estréia da Azul Linhas Aéreas, prevista para dezembro.

A boa notícia para o consumidor é que a entrada de um novo competidor deve reduzir o preço médio das tarifas. "Esse patamar não dura por muito tempo. Quando a Gol estreou [em janeiro de 2001], houve o mesmo fenômeno e as outras outras companhias baixaram em cerca de 55% o preço das passagens", relata, citando como exemplo a tarifa entre Florianópolis e Porto Alegre, cobrada na época pela TAM, que caiu de R$ 350 para R$ 160.

Para o especialista, a Gol perdeu a identidade de linha aérea econômica, espaço que deve ser ocupado pela Azul. A nova empresa optou por aviões modernos e econômicos de 118 lugares, para ganhar na margem de custo por assento. Assim, levando 60 pessoas em um vôo, a companhia atingirá o ponto de equilíbrio. Na mesma situação, TAM e Gol, que operam com aviões com capacidade entre 160 e 180 lugares, teriam prejuízo certo. "Isso certamente terá impacto no preço das passagens", conclui Martins.

A assessoria de imprensa da Gol informa que a empresa está impedida de se pronunciar, conforme regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), devido à divulgação de seus resultados financeiros referentes ao terceiro trimestre de 2008 nos próximos dias.

Pelo mesmo motivo, a TAM também não comenta o assunto, mas informa que o valor médio pago por passageiro por quilômetro rodado no mercado doméstico (yield, na sigla em inglês), teve aumento de 13,7% de janeiro a junho deste ano, frente à queda de 19,4% no ano de 2007.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.