O Banco Central (BC) admitiu, pela primeira vez, que a economia deve crescer neste ano menos do que em 2013. A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, difere da anterior, que sinalizava que a expansão do país tendia a se manter relativamente estável. A instituição, agora, espera consumo e serviços se expandindo em ritmo mais moderado, diferentemente de anos anteriores, quando os dois segmentos eram importantes combustíveis para o Produto Interno Bruto (PIB).
O ritmo lento de crescimento da economia brasileira fez o BC acender a luz amarela e interromper o ciclo de alta dos juros (Selic) em 11% ao ano na reunião do Copom da semana passada, parada feita apesar de a inflação ainda demonstrar alguma resistência. Segundo as previsões da autoridade monetária para 2014, o custo de vida cedeu entre as reuniões da diretoria de abril e maio, mas ainda persiste em nível superior ao centro da meta perseguida pela instituição, um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,5%.
Para Tony Volpon, diretor de pesquisas para a América Latina da Nomura Securities, o BC parou de subir juros pelo temor de provocar uma recessão no Brasil. "A principal novidade da ata da reunião do Copom de maio foi o BC reconhecer que a economia está muito fraca", observou. "O documento ratifica que o BC tem mandato duplo. O PIB muito baixo prevaleceu sobre a inflação, que nas suas projeções está fora da meta até o final de 2015", argumentou.
O documento do BC, mais enxuto que o anterior, sinaliza, segundo analistas, a manutenção da Selic em 11% ao ano nos próximos meses. A avaliação é de que apenas depois das eleições, em outubro, a instituição poderia dar início a um novo ciclo de ajuste dos juros.



