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O Brasil deve ter reprisado em 2006 o penúltimo lugar no ranking de crescimento econômico da América Latina, além de ter registrado a última -e distante- posição entre os países do chamado Bric.

Segundo economistas, juros altos, real valorizado e problemas estruturais continuam sendo os motivos para a fraqueza da atividade. E acrescentam: sem mais investimentos, o Brasil dividirá em 2007 o penúltimo lugar no ranking latino-americano de crescimento com o Paraguai.

O mercado prevê, de acordo com a última pesquisa semanal do Banco Central, avanço do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,7 por cento, uma taxa superior, na região, apenas à do Haiti, com base em dados já publicados e previsões da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal).

Edgard Pereira, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), vê o resultado do PIB brasileiro nos últimos anos como uma ``perda de oportunidade'', já que o crescimento mundial desfruta de um ritmo não visto desde a década de 1970.

``Não aproveitar este momento vigoroso é um desperdício. O principal motivo para estarmos perdendo isso é a política monetária. Com o juro muito elevado, o mercado de câmbio se ajusta neste patamar (com real valorizado), o mercado de empréstimos se ajusta em um nível de crédito mais baixo do que deveria ser'', afirmou.

O investimento no país é outro problema, segundo os economistas. Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, estima que o investimento deve ter ficado em 20 por cento do PIB em 2006, abaixo da taxa de muitos países da região.

``A taxa real de juro muito alta do Brasil atrai muito dinheiro para o mercado de capitais e não para o setor produtivo'', disse.

``O endividamento muito elevado do governo também atrapalha, reduzindo o potencial de investimento... O investimento em muitos emergentes está em 30 por cento do PIB.''

Na América Latina, a República Dominicana deve ficar com o maior crescimento em 2006, de 10,7 por cento, segundo dado divulgado na semana passada.

No Mercosul, a Argentina cresceu 8,5 por cento em 2006, segundo o índice EMAE, uma prévia do PIB, enquanto a Venezuela expandiu-se em 10,3 por cento. A previsão da Cepal é de 7,3 por cento para o Uruguai e de 4 por cento para o Paraguai.

A Cepal prevê para a América Latina expansão média de 5,3 por cento.

A diferença do Brasil também é grande em relação ao Bric, grupo de economias emergentes consideradas de grande potencial: a economia da China avançou 10,7 por cento em 2006, a da Rússia cresceu 6,8 por cento e a da Índia deve avançar, segundo previsão do governo, 9,2 por cento no ano fiscal de 2006, que termina em março.

Economia ampla

Carlos Cavalcanti, economista do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), minimiza o baixo crescimento brasileiro na comparação com os demais países da região.

``O Brasil é uma economia mais desenvolvida que a de muitos países latino-americanos, como a Bolívia, que produz gás, o Chile, que vive basicamente do cobre, e a Venezuela, que vive basicamente de petróleo.''

Quando se trata da comparação com as potências asiáticas, no entanto, Cavalcanti ressalta que o Brasil fica muito atrás.

``O Brasil tem problemas, ou problemas mais profundos, que os países asiáticos. China, Índia não têm ou têm com menor intensidade: baixa educação, problemas de logística, adversidades no passado de política econômica, problema de crédito ao setor produtivo e moeda local valorizada.''

O último ano de crescimento mais robusto no Brasil foi 2004, com 4,9 por cento, superando na América Latina a expansão de oito países e igualando a taxa da Colômbia, mas ainda mantendo-se abaixo da média da região, de 6 por cento.

O PIB brasileiro será divulgado nesta quarta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. No mês que vem, um novo dado será anunciado, baseado em nova metodologia do IBGE.

2007

A previsão do mercado para o crescimento brasileiro em 2007 é de 3,5 por cento -a mesma estimativa da Cepal, que projeta para a América Latina expansão de 4,7 por cento.

Segundo as previsões da Cepal, o Brasil empataria com o Paraguai no penúltimo lugar, mantendo-se à frente apenas do Haiti, cujo PIB deve subir 3 por cento.

``Sem investimentos não vamos crescer. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) ajuda, mas não soluciona todos os problemas'', disse Agostini, da Austing Rating.

``Em 2007, podemos empatar com o Paraguai se ele não nos ultrapassar de novo. Do jeito que estamos, não é impossível.''

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