
Apesar de o preço do gás natural veicular do Paraná ser o segundo mais barato do país e de o metro cúbico do combustível custar em média 44% a menos que o litro da gasolina ambos têm rendimento semelhante , o consumo do GNV no estado é um dos menores do Brasil. Os atrativos do gás em relação à gasolina e ao etanol, cujos preços estão entre os mais caros já praticados, ainda esbarram em uma precária rede de distribuição, que compreende apenas 36 postos em sete municípios da faixa Leste do estado. Desses postos, 23 estão em Curitiba, seis em São José dos Pinhais, dois em Ponta Grossa, dois em Colombo, um em Paranaguá, um em Campo Largo e um em Pinhais.
Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), o consumo do combustível do Paraná é apenas o 14.º mais alto entre os 19 estados que oferecem GNV no país. O consumo médio diário no Paraná é de 82,6 mil metros cúbicos, enquanto Santa Catarina e Rio Grande do Sul contabilizam 355 mil e 216 mil metros cúbicos por dia, respectivamente.
O baixo consumo não pode ser atribuído ao preço do GNV no Paraná, que é bem inferior à média da Região Sul a média estadual é de R$ 1,545, contra R$ 1,776 no Sul. Em todo o país, o preço do GNV paranaense só supera o de São Paulo e o de Mato Grosso, estado que não foi incluído na última pesquisa de preços da Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre 16 de abril e 23 de abril, o GNV custava R$ 1,490, em média, nos postos mato-grossenses.
Restrições
Para o economista Carlos Magno Bittencourt, professor de Ciências Econômicas da PUCPR, a opção pelo GNV não deve levar em conta somente a questão financeira. Mesmo com o gás natural bem mais barato do que a gasolina e o etanol, o motorista precisa lembrar que poderá circular somente em uma região específica, a não ser que queira migrar, no meio do caminho, para a gasolina.
"O GNV é barato e menos poluente, e, olhando dessa maneira, é mais vantojoso, sim. Porém a rede de distribuição é reduzida e a instalação ainda é cara. Além disso, num carro pequeno, o cilindro do gás toma um grande espaço do porta-malas", diz Bittencourt.
Para Fábio Doria Scatolin, professor de Desenvolvimento Econômico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o cenário no médio e longo prazo deve ser mais favorável ao gás natural. Apesar da pequena rede de distribuição atual, o valor do combustível tende a continuar mais atraente em comparação à gasolina, que tem preços atrelados ao mercado internacional, e ao etanol.
"Esse preço competitivo estimula o uso industrial do gás natural e também em veículos. E, com a possibilidade de o GNV se tornar um subproduto da reserva brasileira de pré-sal, pode haver uma abundância muito grande desse produto, que suprirá a demanda com fontes locais", argumenta.
Só 14 oficinas fazem conversão do motor
O diretor-presidente da Compagas, companhia responsável pela distribuição do GNV no Paraná, Luciano Pizzatto, reconhece que a rede é deficiente. Outros problemas, como a baixa adesão dos motoristas e a falta de oficinas capacitadas para conversão no estado, porém, também dificultariam a expansão do consumo.
"Quase todos os postos ficam na região de Curitiba. Para aumentar a rede, precisamos de mais veículos com GNV. Mas isso só vai ocorrer se a rede for maior. Então, o que fazer primeiro?", indaga Pizzatto.
Hoje, cerca de 29 mil carros têm GNV instalado no Paraná quase nada em comparação com a frota total de veículos, que passa de 5,2 milhões, segundo dados do Detran. Em todo o estado, há apenas 14 oficinas habilitadas para fazer a conversão do motor ao gás natural, 8 delas em Curitiba.
A intenção da Compagas é contar, até o fim do ano, com mais cinco postos em Curitiba que abasteçam com GNV. Na terça-feira, um posto passou a oferecer o produto em Pinhais. Em outra linha, a companhia pretende convencer o governo estadual a adotar o GNV na frota de veículos de órgãos públicos, o que aumentaria a demanda pelo combustível, tanto na capital quanto no interior. No restante do estado, outros dois postos distribuem gás natural, mas em outras modalidades, como o gás natural liquefeito (GNL).




