Rio de Janeiro A Petrobrás fez ontem sua estréia no ambiente virtual Second Life com casa cheia, fila na porta, e uma inusitada platéia interativa e para lá de colorida. Um homem com capa vermelha, um punk, uma rastafári japonesa e até mulher nua se acotovelaram em fila de espera por um lugar no auditório virtual lotado para assistir à primeira palestra feita pela empresa dentro do ambiente do jogo. "Foi bárbaro", resume o palestrante Ricardo Pomeranz, que falou por cerca de 40 minutos sobre "Tecnologia deixando de ser ficção".
A palestra foi realizada na vida real no estande montado pela Petrobrás no encontro internacional de comunicação digital "Proxxima 2007", em São Paulo; e foi transmitida simultaneamente pela internet pelo Second Life (segunda vida, na tradução literal). O universo virtual recria a vida real e está virando febre em todo o mundo, com cerca de 4 milhões de usuários, um giro diário de US$ 1,5 milhão, e prestes a ganhar uma versão exclusivamente brasileira.
A simulação virtual tem até sites de relacionamento (como Orkut e MSN). Os usuários escolhem se preferem apenas passear pelos ambientes (opção gratuita) ou fazer negócios, comprando, vendendo e construindo imóveis, ruas, avenidas, shoppings, cassinos, praias e os avatares habitantes virtuais.
O visual de cada ambiente ou dos avatares fica a cargo dos usuários, o que permite abusar da criatividade e do exotismo, ou destacar marcas e logotipos. No caso da Petrobrás, o auditório para cerca de 40 pessoas teve atendentes trajando figurinos futuristas e o logotipo da empresa estampado não só nas paredes, mas também flutuando sobre o local.
"Não dá para ignorar um novo canal de comunicação. E estamos estudando como aproveitar este canal da melhor maneira possível, primeiro para fixar a marca e depois para fazer negócios dentro da área de combustíveis", comentou a gerente de multimeios da estatal, Patrícia Fraga.
Segundo ela, a companhia já vem preparando campanha mais agressiva para atuar no "Second Life", a exemplo de multinacionais ligadas ao comércio como Wal-Mart, Mc Donalds, ou Amazon.com. "Por enquanto, as ações da empresa dentro do mundo virtual ainda vão ocorrer esporadicamente e voltadas apenas para o marketing", comentou.
A própria "construção" do ambiente virtual da Petrobrás ainda não custou nada aos cofres da empresa, ao contrário dos usuários comuns que têm de pagar para ter o direito de fazer algo mais do que apenas passear e conversar com outros usuários conectados em todo o mundo. "A construção do auditório está num contrato de marketing já fechado anteriormente e que incluiu também esta estratégia", explicou Patrícia.
Para o palestrante Ricardo Pomeranz, especialista nesse tipo de tecnologia representado virtualmente por um avatar bastante semelhante à sua aparência real a experiência, pioneira no Brasil, correu melhor do que o esperado.



