A modelagem encontrada pela nova direção da Petrobras para registrar no balanço as perdas decorrentes de atos de corrupção levará em conta os sobrepreços verificados nos projetos listados na investigação da Operação Lava Jato. Dessa forma, foram contabilizados os valores iniciais de cada projeto e os acréscimos ao longo da obra. Ponderadas as justificativas, o valor final indica o eventual superfaturamento.
De um modo geral, esse cálculo de impairment – atualização do valor dos ativos, excluindo o superfaturamento – dará a dimensão da perda acarretada para a companhia. Ou seja, quanto valeria a obra se não tivesse sido inflada em negociações suspeitas. A metodologia já foi até apresentada a conselheiros pelo diretor financeiro da estatal, Ivan Monteiro.
A Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, por exemplo, foi inicialmente orçada em US$ 2,3 bilhões. Depois de sucessivos aditivos ao contrato inicial, a obra acabou chegando a US$ 20 bilhões. O então diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, era o responsável pelo acompanhamento dos projetos de refino e tinha autonomia para autorizar os aumentos de custo. Costa disse, em depoimento, que as propinas pela facilitação dos contratos variavam entre 1% e 3% das obras. A modelagem de cálculo das perdas já foi submetida à apreciação dos órgãos reguladores no Brasil e Estados Unidos – Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Securities and Exchange Comission (SEC) –, que teriam aprovado o método.
Nesta quinta-feira (26), o conselho de administração da estatal se reúne para referendar os cálculos e avalizar as perdas a serem lançadas nos balanços do terceiro e quarto trimestres do ano passado. O registro tende a anular o lucro da companhia, que em 2014 não deverá distribuir dividendos. Considerando que, nos últimos anos, a empresa tem registrado lucros superiores a R$ 20 bilhões, as perdas podem ficar em torno desse valor.



