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Adolfo Sachsida
Ex-ministro Adolfo Sachsida diz que Petrobras seria privatizada em até um ano e meio se Bolsonaro fosse reeleito.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-ministro de Minas e Energia do governo de Jair Bolsonaro (PL), Adolfo Sachsida, confirmou que estava conduzindo estudos para privatizar a Petrobras, e que a estatal seria vendida em até um ano e meio se o ex-presidente fosse reeleito para mais um mandato.

A privatização seria realizada em um formato para gerar competição nos setores de petróleo e gás brasileiro, e envolveria também a Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA), que já estava em processo mais adiantado. A desestatização da empresa de extração de óleo em águas profundas seria através de um projeto de lei que já havia sido enviado ao Congresso para vender os recebíveis de 30 anos que renderiam cerca de R$ 390 bilhões.

Sachsida diz que a venda da Petrobras começou a ser estudada em meio à discussão da alta dos preços dos combustíveis, em meados de maio do ano passado, e que uma das poucas saídas para baixar o valor seria gerando competição de mercado através da privatização da estatal.

“Ele falou prontamente: ‘vai adiante’. Eu perguntei: ‘tenho o seu okay?’. Ele afirmou: ‘tem’. No dia seguinte, antes de eu tomar posse no ministério, escrevi o que iria falar sobre essa questão no meu discurso e fui mostrar para ele. Antes de eu dizer o que era, ele já disse: ‘Sachsida, você tem a minha confiança’. Eu insisti: ‘Não, presidente, isso aqui é sério, e eu vou ler para o senhor. o que eu vou falar. Eu quero saber se eu posso falar que nós vamos iniciar os estudos para a privatização da Petrobras’. Aí, ele respondeu: ‘Pode fazer e vamos em frente’”, disse Sachsida em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo publicada nesta quinta (13).

O ex-ministro disse que tinha sinal verde de Bolsonaro e que a depender do “arranjo político” e do entendimento que teve com o ex-presidente até o final do governo, a estatal seria privatizada num segundo mandato. “Tanto é que ela foi tocada, não foi só da boca para fora”, completou.

De acordo com ele, o primeiro passo foi pedir ao então ministro da Economia, Paulo Guedes, para começar os estudos sobre a privatização da Petrobras e da PPSA e incluir no Programa de Parceria de Investimentos (PPI).

“Só que, agora, tudo mudou. O presidente Lula (PT) determinou a exclusão da Petrobras, da PPSA e de mais seis empresas, como os Correios, a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação) e o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), do PPI”, disse Sachsida.

Endividamento pode subir sem privatização e com novos investimentos

Adolfo Sachsida dise, ainda, que além de barra um aumento da competição no mercado nacional de petróleo e gás, a decisão do governo de retirar a Petrobras do PPI e abandonar a prática do “preço de paridade de importação” vai levar a um “aumento excessivo” no endividamento que vem sendo reduzido desde 2019.

Isso vai afetar a rentabilidade e diminuir os dividendos, em especial os destinados ao governo, que é o principal acionista da empresa. Apenas em R$ 2022, a Petrobras pagou cerca de R$ 100 bilhões em dividendos aos acionistas, o que o ministro Rui Costa, da Casa Civil, considerou como um “desserviço à nação” e comparou a companhia a um “Papai Noel distribuindo brinquedos no final do ano”.

Sachsida salienta que o melhor para o país seria “desconcentrar o setor, trazer competição e diminuir a intervenção do Estado na economia”, em crítica à possível retomada de investimentos em refinarias, que havia sido suspensa após acordo com o Conselho Administrativo de Defesa do Consumidor (Cade).

“O atual governo não apenas está contestando o acordo com o Cade, para tentar manter as refinarias atuais, como pretende construir novas refinarias. Eu respeito essas ideias, mas discordo delas”, completou.

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