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Produção do gás natural

Petrobras suspendeu investimentos na Bolívia, diz diretor

Só gastos necessários para receber gás natural foram mantidos. 'Não há qualquer clima de investimento no país', diz Paulo Roberto Costa

A Petrobras suspendeu todos os investimentos na Bolívia. A informação é do diretor de abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa. Segundo ele, porém, a companhia não tem como abrir mão de gastar o mínimo necessário para a manutenção da produção do gás natural enviado ao Brasil. "Não há clima para manter qualquer investimento no país", ressaltou o diretor nesta terça-feira (8), no Rio de Janeiro.

De acordo com o diretor, a Petrobras desistiu da idéia de manter uma participação minoritária nas refinarias na Bolívia: "A intenção da Petrobras era de ficar com a parte minoritária das duas refinarias que possui na Bolívia e com a gestão dessas unidades. Mas a posição tomada pelo governo boliviano de que todos os derivados deverão ser negociados pela YPFB forçou a Petrobras a deixar de atuar no refino lá."

UItimato

A companhia enviou carta à estatal boliviana de petróleo e gás, a YPFB, em que deu 48 horas para a empresa responder à uma proposta finalde ressarcimento pelas duas refinarias que a Petrobras tem no país - uma em Cochabamba e outra em Santa Cruz de La Sierra. Há várias semanas, os governos da Bolívia e do Brasil vêm negociando o preço a ser pago à Petrobras pelos ativos, mas as conversas não têm saído do lugar.

A Bolívia insiste em oferecer US$ 60 milhões pelos ativos, embora a Petrobras tenha pago mais de US$ 100 milhões por eles, em 1999. A Petrobras pedia inicialmente US$ 200 milhões - o valor de mercado das refinarias -, mas há informações de que a estatal estaria satisfeita em receber cerca de US$ 120 milhões. Oficialmente, porém, a companhia não divulgou qual foi a proposta final que fez à Bolívia.

Apesar disso, caso o governo boliviano não aceite o valor, a Petrobras realmente vai levar a decisão à arbitragem internacional. "Isso não ilegal. Está previsto no contrato e o que estamos fazendo é apenas seguir as regras assinadas no contrato", ressaltou. Entretanto, a Bolívia deixou a corte de arbitragem do Banco Mundial no ano passado, o que pode dificultar as negociações em foro internacional.

'Surpresa'

Indagado por jornalistas se a Petrobras havia se surpreendido com a atitude do governo boliviano, o diretor comentou que "não foi exatamente uma surpresa". Segundo ele, a possibilidade de controle da comercialização dos derivados passar para a YPFB já constava no primeiro decreto boliviano sobre o assunto, de 1.º de maio de 2006.

Ele salientou, porém, que a decisão não envolve apenas as duas empresas petroleiras, mas sim os interesses em comum de dois países. "Não há como prever qual será a decisão de um governo, com seis meses de antecedência, mas há uma relação entre governos. E o governo brasileiro e o boliviano têm muitos outros interesses que não apenas o gás natural", comentou.

Indagado ainda na entrevista se havia faltado ao governo brasileiro uma postura mais forte em relação ao tema, Costa amenizou lembrando que "a situação é muito mais complexa e não dá para olhar apenas sob um ponto de vista".

Dependência do gás

Sobre a dependência brasileira do gás boliviano, Costa disse: "O que a Petrobras poderia ter feito em termos de buscar alternativas ao abastecimento do país, já foi feito. Estamos com o Plangás em andamento em ritmo super ultra acelerado. Não dá para acelerar mais do que isso", ressaltou.

Briga é só da Petrobras

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a Petrobras não tem problema emender as suas refinarias na Bolívia. "A Petrobras quer um preço justo pelas refinarias. Se não for pago temos que ir à Justiça internacional para reaver os direitos da empresa", afirmou.

Lula, porém, não considera a situação como uma briga de governos. "Por enquanto a briga é com Petrobras. Por enquanto não é uma briga que envolva o governo", observou. E acrescentou que apesar do episódio, "estou consciente de que não haverá problema de fornecimento de gás para o país".

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