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PIB
Crescimento no consumo das famílias está se desacelerando. Um dos fatores que pesa é a elevada inadimplência.| Foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil

Mais sinais de estagnação devem ser evidenciados nos números da economia brasileira que serão divulgados nesta terça-feira (5), quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentar os dados referentes ao PIB do terceiro trimestre. A possibilidade de uma retração do indicador, frente ao segundo trimestre, não é descartada por instituições financeiras.

Há oito trimestres consecutivos, a atividade econômica brasileira vem crescendo em relação ao trimestre anterior. Segundo o IBGE, a última queda ocorreu no segundo trimestre de 2021, quando a economia encolheu 0,2% em relação ao primeiro trimestre daquele ano.

O Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta para a estagnação da atividade econômica no terceiro trimestre em comparação com o segundo.

“A estagnação reflete a fragilidade da sustentação do crescimento da economia brasileira. A desaceleração da agropecuária e do setor de serviços explica a estagnação da economia pela ótica da oferta. Pela ótica da demanda, destaca-se a desaceleração do consumo das famílias e a queda da formação bruta de capital fixo (FBCF) – o investimento produtivo”, diz a coordenadora da pesquisa, Juliana Trece.

Outro indicador que mostra a perda de fôlego da economia brasileira é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). No terceiro trimestre, ele teve uma queda de 0,64% em comparação com o segundo trimestre.

Instituições financeiras preveem recuo do PIB

O Itaú projeta um recuo de 0,2% do PIB em comparação com o trimestre anterior. Uma série de fatores pesam para esse cenário: a agropecuária perdendo força neste segundo semestre, o comércio patinando e o fraco desempenho do investimento privado. Ao lado disso, a desaceleração dos serviços também não contribui para um cenário favorável.

As expectativas para o desempenho do comércio no terceiro trimestre não são favoráveis. O banco projeta uma retração de 0,1% no nível de atividade setorial em comparação com o trimestre anterior. Segundo a Gazeta do Povo apurou, dois fatores pesariam nesta situação: a inadimplência ainda está elevada e as famílias têm muitas dívidas.

Outro segmento que pode ter reflexos negativos sobre os números do PIB é o de serviços de transporte, que havia registrado forte alta no primeiro trimestre, beneficiado pelo desempenho excepcional do agronegócio.

A agropecuária, carro-chefe da economia no primeiro semestre, também deve perder ímpeto. A contribuição negativa vem da perda de importância da safra de soja na contabilização do resultado na segunda metade do ano.

Do lado da demanda, o destaque negativo vem do investimento. A formação bruta de capital fixo (FBCF), segundo o banco, pode registar uma queda de 4,9%, diante do recuo na produção e na importação de bens de capital.

A XP Investimentos tem a mesma expectativa do Itaú. A estimativa é de uma queda de 0,2%, motivada pela dissipação do choque positivo na agricultura e pelo arrefecimento da demanda interna. O Bradesco é mais pessimista, projetando uma queda de 0,3% em relação ao trimestre anterior.

Expectativas para 2023 tiveram leve queda nas últimas semanas

O cenário mais restritivo, ainda marcado pelas taxas mais elevadas de juros e por uma gradual acomodação do mercado de trabalho, teve efeito discreto nas expectativas de crescimento para 2023.

O ponto médio das projeções para o crescimento, segundo o boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (4), sinaliza uma alta de 2,84% no PIB deste ano. no melhor momento, em meados de outubro, a mediana era de 2,92%.

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