A economia norte-americana encolheu 6,2% em termos anualizados no último trimestre de 2008. Foi a maior contração desde 1982 e mais um sinal de que os Estados Unidos podem estar a caminho da sua pior recessão desde os anos 1930. Em apenas três momentos após a chamada Grande Depressão, os EUA tiveram uma retração dessa magnitude, em 1957, 1980 e 1982.
A queda do PIB no último trimestre do ano passado foi muito maior do que os 3,8% inicialmente projetados pelo Departamento do Comércio. Também foi pior do que as expectativas mais pessimistas dos analistas, de 5,4%.
A contração do consumo das famílias, que representa 70% do PIB norte-americano, foi a principal causa da queda e apresentou o pior resultado desde 1980: caiu 4,3% entre outubro e dezembro, meses imediatamente posteriores à fase aguda da crise, após a quebra do banco Lehman Brothers em 15 de setembro de 2008.
O resultado do PIB do último trimestre de 2008 mostrou que o governo esteve sozinho no papel de dar algum estímulo para a maior economia do mundo. Enquanto consumo, vendas, exportações e importações caíram, os gastos estatais subiram 6,7%. Mas foram insuficientes para amenizar o resultado negativo.
A contração de 6,2% do PIB veio na sequência de um encolhimento de 0,5% no trimestre anterior (julho a setembro). Em 2008, o crescimento americano foi de 1,1%, ante 2% no ano anterior. Para 2009, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta um encolhimento de 1,6%.
Analistas acreditam que ainda levará alguns meses até que o novo pacote de estímulo de US$ 787 bilhões do governo Barack Obama aprovado no Congresso comece a surtir efeito. Uma nova contração na faixa de 6% no primeiro trimestre de 2009 não está descartada.
"Não há nenhuma evidência de que o ritmo da queda esteja diminuindo, mas existe alguma chance de que o novo pacote de estímulo faça algum efeito mais à frente", afirma Bill Cheney, economista da John Hancock Financial Services.
Ontem, o governo Obama apresentou sua primeira proposta para o orçamento do próximo ano fiscal. Ela prevê um déficit de US$ 1,75 trilhão para cada US$ 1 arrecadado, o governo prevê gastar quase US$ 2.
Pela proposta, o governo espera contração de 1,2% no PIB neste ano e recuperação de 3,2% em 2010. As projeções oficiais são muito mais otimistas do que quaisquer outras feitas tanto por órgãos multilaterais estatais quanto privados.
