
Prestes a passar por uma anunciada temporada de restrições, a economia brasileira continua no chão, embora tenha parado de afundar. Após duas quedas trimestrais consecutivas, sintomas de uma recessão, o Produto Interno Bruto (PIB) medida da produção e da renda do país avançou 0,1% entre julho e setembro, na comparação com os três meses anteriores. Divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a variação quase imperceptível mostra que o ano fechará com crescimento próximo de zero, no pior desempenho de um quadriênio de quase estagnação.
INFOGRÁFICO: Veja o índice do crescimento da economia brasileira
Os dados não encorajam projeções de um resultado muito diferente em 2015, ainda mais com a perspectiva de alta dos juros e corte de despesas públicas pela nova equipe econômica. Em boa parte, a melhora do último trimestre se deveu ao maior número de dias úteis em comparação com os três meses anteriores, em razão da Copa do Mundo. Prejudicada pela competição, a indústria interrompeu agora uma sequência de quatro trimestres no vermelho e puxou também uma alta dos investimentos.
A fragilidade da reação fica evidente quando são considerados prazos mais amplos: no ano, a indústria acumula queda de 1,4%, a maior desde o auge do impacto da crise internacional, em 2009.
Maior ainda, de 7,4%, é o tombo dos investimentos gastos privados e públicos em compra de equipamentos e obras de infraestrutura, destinados a ampliar a capacidade futura de produção. A derrocada indica perda crescente de confiança do empresariado na política econômica comandada por Dilma em seu primeiro mandato e ajuda a entender por que a presidente reeleita sinaliza uma guinada.
Na visão do governo petista, o estímulo ao consumo das famílias, por meio de programas sociais e do crédito, levaria o setor produtivo a investir para elevar a oferta de bens e serviços. Entretanto, a deterioração das contas públicas e o recrudescimento da inflação suscitaram dúvidas crescentes sobre a solidez da estratégia.
O BC teve de elevar os juros a partir de 2013, esfriando também o consumo, que vive a menor expansão em uma década.
Nova metodologia
O PIB do terceiro trimestre foi o último com a atual metodologia, segundo o IBGE. A principal mudança será a atualização do ano-base das Contas Nacionais, sistema pelo qual se mensura o PIB. Passará de 2000 para 2010.
Entre as alterações, está a incorporação de dados da pesquisa de produção industrial do instituto, que foi reformulada, com novas ponderações para os setores e ampliação do escopo de produtos pesquisadas, além da reclassificação de alguns setores fortes da economia nacional.
Paraná cresce
O PIB paranaense cresceu 0,3% nos primeiros nove meses de 2014 na comparação com igual período do ano anterior, segundo o Ipardes. O resultado do estado ficou levemente acima da média nacional, que foi de 0,2% na mesma base de comparação. Ao subir 1,6% de janeiro a setembro, o setor de serviços garantiu o comportamento positivo do PIB estadual. A agricultura cresceu 0,6% e a indústria recuou 3,2%. No terceiro trimestre de 2014, na comparação com igual período de 2013, o PIB paranaense apontou queda de 0,6%.



