
Com a intenção de atrair empresas fabricantes de cerveja como Ambev (dona das marcas Skol, Brahma, Antarctica e outras), Grupo Petrópolis (Itaipava e Crystal) e Schincariol, além de conquistar a expansão da fábrica da Heineken (Kaiser e Sol), o governo do estado estuda reduzir a alíquota de ICMS que incide sobre a bebida. Na comparação com os estados vizinhos, o Paraná tem a maior alíquota, de 29%, contra os 27% de São Paulo e apenas 18% de Santa Catarina.
A política de incentivos fiscais do novo governo está sendo transformada em projeto de lei, que será enviado à Assembleia Legislativa. No entanto, uma possível redução de alíquota do ICMS para bebidas não deve ser contemplada nessa proposta, pois um estudo específico está sendo elaborado para defini-la.
Além do eventual incentivo tributário, as cervejarias são atraídas pela existência de fornecedores de insumos e embalagens, como a fábrica de latas de alumínio recém-inaugurada pela Crown em Ponta Grossa (Campos Gerais) e a fábrica de malte cervejeiro da Cooperativa Agrária Agroindustrial, em Guarapuava (Centro-sul do estado).
De acordo com o secretário de Estado da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Ricardo Barros, o governo solicitou às cervejarias um relatório mostrando a previsão de faturamento de cada uma, para avaliar se vale a pena baixar a alíquota de ICMS. "A cada ponto porcentual reduzido na alíquota do ICMS, o Estado perde R$ 30 milhões por mês em arrecadação. Pedimos às empresas informações para avaliar se os investimentos compensariam essa perda. Com os números em mãos, vamos ver se é possível diminuir a alíquota", explica.
Assim como o governo do estado, as prefeituras dos municípios sondados pelas empresas avaliam que há boas possibilidades de novos investimentos do setor de bebidas no Paraná. "Temos uma das maiores maltarias do mundo aqui em Guarapuava, água de boa qualidade e em abundância, além de uma logística de transporte com ligação com o Mercosul. Então acho que podemos receber, sim, uma fábrica da Schincariol", afirma o secretário de Indústria e Comércio de Guarapuava, Mauro Claudio Temosco.
Considerando a logística paranaense, o secretário Ricardo Barros acredita que a redução dos impostos será apenas mais um atrativo para essas empresas. "Temos uma posição de infraestrutura privilegiada, com empresas fornecedoras já instaladas no estado, como a Crown e a maltaria de Guarapuava. Isso também será levado em conta numa possível revisão da política fiscal", defende.
A fábrica de latas de alumínio da Crown Embalagens em Ponta Grossa, a terceira da empresa no país, recebeu investimento de R$ 140 milhões e começou a operar há poucas semanas. A capacidade de produção é de 1 bilhão de latas por ano em dois tamanhos, de 350 e 473 mililitros. A Crown fatura cerca de US$ 8,3 bilhões no mundo e, no Brasil, as receitas somaram US$ 250 milhões em 2009. A fábrica de Ponta Grossa gerou 80 empregos diretos e 80 indiretos.
Investimentos
Se as expectativas de investimentos se concretizarem, o Paraná receberá pelo menos R$ 510 milhões em investimentos para construção de cervejarias. Seriam R$ 300 milhões da Ambev, R$ 60 milhões da Heineken, ambas em Ponta Grossa, e aproximadamente R$ 150 milhões da Schincariol em Guarapuava.
Por ora, o negócio com mais chance de prosperar é o da Ambev. A Confederação Nacional das Revendas Ambev e das Empresas de Logística da Distribuição (Confenar) diz que uma fábrica do grupo vai "aquecer os negócios da região". "Atualmente, as oito revendas parceiras da entidade registram crescimento anual de 15% no faturamento, podendo aumentar com o investimento da Ambev", diz o conselheiro da Confenar e presidente da Associação das Revendas Ambev no Paraná (Assorev-PR), Eduardo Buosi.
As outras indústrias não confirmam os investimentos, mas sinalizam que podem ampliar seus negócios. O gerente de marketing e relações com o mercado do Grupo Petrópolis, Douglas Costa, diz que "o grupo está atento ao mercado e suas oportunidades e estuda possibilidades de crescer e ampliar seus negócios". "Olhamos para o Paraná dentro deste contexto, mas não temos uma área nem um projeto em andamento neste momento", afirma.
A Schincariol, por sua vez, diz manter estudos para atender à demanda. "A companhia vislumbra futuras oportunidades de expansão fabril nos principais centros consumidores das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do país, mas, por questões de ordem estratégica, prefere não entrar em detalhes sobre eventuais estágios de negociação em localidades específicas", diz a empresa, em nota.



