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O presidente russo, Dmitry Medvedev, pisca e acena em foto com o premiê japonês, Naoto Kan, e o presidente dos EUA, Barack Obama, na cúpula do G20 em Toronto, 27 de junho de 2010 | Reuters
O presidente russo, Dmitry Medvedev, pisca e acena em foto com o premiê japonês, Naoto Kan, e o presidente dos EUA, Barack Obama, na cúpula do G20 em Toronto, 27 de junho de 2010| Foto: Reuters

Os principais líderes mundiais concordaram no domingo em traçar caminhos distintos para se reduzir os déficits públicos e tornar o sistema bancário mais seguro, em um reflexo da recuperação econômica desequilibrada e frágil em muitos países.Em contraste com a unidade das últimas três reuniões do Grupo dos 20, já realizadas em meio à crise global, as autoridades deixaram espaço para decisões solitárias e para a adoção de políticas "diferenciadas e sob medida".

Os países ricos e em desenvolvimento que compõem o G20 tentaram equilibrar suas diferentes prioridades com a promessa de reduzir pela metade os déficits até 2013 sem prejudicar o crescimento. Eles também se comprometeram a atuar contra o comportamento propenso ao risco por parte de bancos, sem no entanto desestimular o crédito.

"Nossos desafios são tão diversos quanto nossas nações", disse o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. "Mas, juntos, representamos cerca de 85 por cento da economia global, e nós forjamos uma resposta coordenada à pior crise econômica de nosso tempo", acrescentou.

Em uma indicação do trabalho envolvido para que o G20 chegasse a um consenso, os negociadores demoraram pelo menos 45 horas para escrever o comunicado final, disse Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O G20 deu espaço para que cada país decida sobre como proceder em questões polêmicas, como a taxação sobre bancos para reaver o dinheiro gasto com o socorro a instituições financeiras e a implementação de regras de capital mais rígidas sobre o sistema bancário.

O G20 também evitou o confronto com a China ao retirar, no último minuto, uma menção específica ao iuan, embora Pequim tenha acabado de permitir uma valorização da moeda ante o dólar.

Europa canta vitória

A cúpula de Toronto foi considerada uma avaliação final antes da próxima reunião do G20 em Seul no mês de novembro, que será o prazo final para os líderes chegarem a um acordo sobre questões como regras de capital bancário, regulação financeira e direitos de voto no FMI.

O G20 também precisa mostrar progresso em sua promessa de reequilibrar a economia global. Isso significa que países dependentes de exportações, como China e Alemanha, precisam se voltar ao crescimento, e que países endividados, como os Estados Unidos, precisam mudar seus hábitos orçamentários.

Desde que o G20 se reuniu pela última vez em Pittsburgh em setembro, os problemas de dívida da Grécia mudaram o foco para as finanças públicas prejudicadas. A Grã-Bretanha e a Alemanha se juntaram a Grécia, Espanha, Itália e outros países europeus menores nos planos de reduzir gastos estatais.

Autoridades europeias viram o compromisso de corte de déficits do G20 como um sinal claro de que o resto do mundo convergiu ao ponto de vista da Europa.

"A UE veio a Toronto com uma programação clara. O resultado da cúpula reflete a ampla convergência à posição da Europa", disseram autoridades da União Europeia em comunicado.

Cortar os déficits pela metade é facilmente alcançável, considerando que Obama já prometeu fazer isso e que a Europa vê a meta como o mínimo possível.

O altamente endividado Japão parece ser a única economia avançada que pode ter dificuldades para atingir a meta fiscal. No comunicado, o G20 reconheceu as "circunstâncias do Japão" e saudou os planos do país de restaurar as finanças públicas.

Estabilizar a dívida como uma porcentagem do PIB dentro de seis anos pode ser mais difícil. As previsões para o orçamento de Obama mostraram a proporção da dívida subindo pelo menos até 2015, e as economias ocidentais avançadas enfrentam custos crescentes com o envelhecimento da população.

Strauss-Kahn, do FMI, disse que as metas fiscais são menos importantes que as políticas econômicas. "Falar sobre cortar os déficits pela metade é simplificar em excesso o problema, porque ele difere de um país para o outro", disse ele. "Eu estou mais interessado no fato de que os países implementem as medidas certas."

Já que o crescimento deve continuar lento na maioria das economias desenvolvidas, espera-se cada vez mais que os países emergentes assumam seu papel.

A China detém a maior parte das atenções graças à economia forte e ao enorme e relativamente preservado mercado consumidor, mas há sinais de que outras potências emergentes, como o Brasil, estão se sentindo injustiçadas.

"Não é justo que as economias emergentes devam assumir o papel de países ricos para fornecer crescimento", disse à Reuters o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

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