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Jeff Bezos, CEO e fundador da Amazon, durante o evento de lançamento da nova linha de Kindles: “Não estamos vendendo um tablet, mas sim um serviço”, afirmou ele | Emmanuel Dunand/AFP
Jeff Bezos, CEO e fundador da Amazon, durante o evento de lançamento da nova linha de Kindles: “Não estamos vendendo um tablet, mas sim um serviço”, afirmou ele| Foto: Emmanuel Dunand/AFP

Segurança

Silk levanta questão sobre privacidade

Junto com o lançamento dos novos Kindles, a Amazon anunciou em seu tablet um browser próprio, chamado Silk. A novidade é que o navegador promete ser mais rápido do que os concorrentes: ao dividir as demandas (streaming de música ou vídeo, abertura de páginas na web) entre o processador do aparelho e um servidor da Amazon, a empresa espera aumentar a velocidade de navegação dos usuários.

O anúncio sobre o funcionamento do navegador, porém, levantou bastante dúvida em relação à segurança dos dados. Como a Amazon vai armazenar informações da navegação do usuário em sua nuvem, ela terá um arsenal de dados sobre o comportamento do consumidor à sua disposição. "O que significa é que a Amazon vai controlar todas as transações realizadas pelos usuários do Fire. Cada página que eles visitam, cada link que eles seguem, cada clique que eles fazem e cada anúncio que eles veem será intermediado por um dos maiores servidores do planeta", disse Chris Espinosa, um dos mais antigos funcionários da Apple. "A Amazon agora tem o que todo o comerciante mais sonha: o conhecimento sobre quais lojas seus clientes compram e a que preços os produtos estão sendo oferecidos a eles. E mais: a Amazon está conseguindo esses dados não da forma cara e proativa como o Google precisa fazer: eles recebem essas informações passivamente, simplesmente pelo serviço de cache do broswer."

Joe Brockmeier, do site Read Write Web, também está preocupado com as implicações do Silk. "Agora a Amazon está numa posição em que sabe quais livros você compra, que filmes assiste e que sites você frequenta, e muito mais."

O Kindle Fire, o tablet da Amazon apresentado ao mercado na semana passada, surpreende pouco do ponto de vista do hardware: não tem câmeras nem conexão 3G, por exemplo, dois componentes presentes em quase todos os tablets que buscam desbancar a supremacia do iPad. O que o aparelho realmente tem de diferente é o seu preço: apenas US$ 199 (R$ 367), me­­nos da metade da versão mais simples do tablet da Apple (veja quadro abaixo).

O preço baixíssimo está inclusive despertando dúvidas sobre a capacidade da Amazon.com de atender à demanda pelo aparelho e o possível efeito sobre as margens de lucros da empresa, que já são baixas.

No evento de lançamento, Jeff Bezos, o bilionário presidente-executivo da Amazon, deu algumas dicas de como ele pensa o modelo de negócio para o produto: "Nós não vemos o Kindle Fire como um tablet", afirmou. "Nós pensamos nele como um serviço". Um serviço totalmente co­­nectado com o ecossistema da Ama­­zon, em que o usuário terá acesso fácil aos livros, filmes, jogos e a todos os demais produtos à venda no site da loja.

"A Amazon não está simplesmente vendendo um aparelho", escreveu Erik Brynjolfsson, diretor do Centro de Negócios Digitais do MIT, em seu blog Digitopoly (http://www.digitopoly.org). "Está vendendo um portal para uma infinidade de livros, músicas, filmes e outras mídias. E os proprietário do Kindle confiam na Amazon com seus cartões de crédito. Com uma in­­terface fácil e atraente que direciona os usuários pa­­ra a mídia da Amazon, recomendações que são assustadadoramente precisas e entrega quase instantânea, é difícil que os consumidores resistam a gastar muito mais no Kindle do que jamais gastaram pela web."

Brynjolfsson também cita que o custo do aparelho foi sensivelmente reduzido porque a Ama­zon não precisou gastar para oferecer um tablet com grande capacidade de armazenamento – o Fire tem apenas 8 GB. Ele lembra que o produto permite que os usuários coloquem todas as suas mídias na nuvem da Amazon, sem ne­­nhum custo adicional.

Ao comentar a estratégia da Amazon, Jeffrey Van Camp, do site Digital Trends, afirma que a empresa vai liderar o mercado de tecnologia. "Google, Micro­soft, Apple e Amazon vendem uma grande quantidade de aparelhos, de todos os tipos, mas a Ama­zon é o único agente livre entre eles. Sim, ela tem alguns Kindles, mas ao contrário de como a Apple vê as coisas, o Kindle não é o produto mais im­­portante para a Amzon: o conteúdo é o rei, e o plano da em­­presa é vender o conteúdo no maior nú­­me­­ro de plataformas que conseguir."

Estoque

Bezos anunciou que a companhia estava produzindo "milhões" de unidades do novo aparelho, sem acrescentar números mais específicos. Mas instou os consumidores a fazerem pré-encomendas do produto o mais cedo que pudessem. Na sexta-feira, dois dias após seu lançamento, o Fire era o eletrônico mais vendido no site da gigante do varejo on-line.

"Quando Bezos disse que as pessoas deveriam pedir o mais rápido possível, não estava apenas promovendo as vendas", disse Brian Blair, analista da Wedge Partners. "Estava também anunciando às pessoas que os estoques do Fire vão se esgotar."

Quando o primeiro Kindle foi lançado, em 2007, a Amazon não produziu o aparelho em volume suficiente e o estoque inicial se esgotou em menos de uma semana. Isso implicou em vendas perdidas e em colocar o aparelho nas mãos de menor número de clientes, prejudicando a adoção rápida.

"Espero que tenham aprendido a lição que isso ensinou", disse Vi­­ni­­ta Jakhanwal, analista da IHS iSup­­pli, que estuda as cadeias de suprimentos do setor de eletrônicos. A Amazon encomendou en­­tre 4 milhões e 5 mi­­lhões de telas para o Fire no quarto trimestre, um vo­­lume "bastante significa­tivo," disse Jakhanwal. Mas a tecnologia usa­­da nas telas do Fire já está em circulação há pelo menos um ano, e vem sendo produzida em volume elevado, o que reduz a chance de uma escassez de componentes, afirmou o analista.

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