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Bandeira da UE | Pixabay
Bandeira da UE| Foto: Pixabay

As negociações entre o Mercosul e a União Europeia se arrastam há anos. E o bloco europeu gostaria de implementar um acordo ainda este ano, já que o novo governo poderá se aproximar mais dos Estados Unidos

 Um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia teria o potencial de ampliar a inserção brasileira no mercado internacional. “Aumentaria as trocas, melhoraria o saldo da balança comercial, atrairia mais divisas e geraria mais empregos”, aponta Márcio Sette Fortes, professor do Ibmec. 

 As exportações brasileiras para a União Europeia nos dez primeiros meses do ano passaram de US$ 29,19 bilhões, em 2017, para US$ 33,94 bilhões, uma alta de 16,27%. No sentido contrário, as importações também cresceram, passando de US$ 26,62 bi, em 2017, para US$ 29,65 bilhões neste ano. O crescimento foi de 11,38%. 

 A Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que um acordo daria mais acesso aos produtos brasileiros, com a eliminação de tarifas de importação da União Europeia, de até 17%. Também criaria novas oportunidades para o agronegócio brasileiro, ampliaria o acesso ao mercado europeu de compras governamentais e estimularia o aumento de investimentos europeus no Brasil. 

 Ao mesmo tempo, a entrada de mais industrializados vindos da Europa traria produtos mais diversificados, com custo menor para os consumidores e para as empresas brasileiras. A entidade empresarial avalia que o Brasil também teria mais acesso a insumos do exterior e permite um envolvimento maior em cadeias globais de valor. 

 As negociações para a formação de um acordo comercial avançam a passos de tartaruga. A CNI aponta que do ponto de vista técnico, os dois blocos ainda precisam acertar o cronograma de redução de tarifas de importação de produtos sensíveis no Mercosul e, na Europa, o volume de quotas. Outro ponto importante de discussão é a abertura no mercado de serviços. 

 “O Mercosul tem avançado nas ofertas, inclusive na indústria automobilística. Mas a União Europeia tem dificuldades em avançar em questões agrícolas.” Segundo Sette Fortes, os europeus, historicamente, são preocupados com questões relacionadas à segurança alimentar, devido aos problemas enfrentados na Segunda Guerra Mundial. 

Questões agrícolas

 Um dos maiores problemas está em uma lista de 20 produtos. Entre eles, segundo o Valor , bebidas como conhaque e prosecco, queijos como gruyere e gorgonzola e a mortadela bolonha. Os europeus querem que os nomes desses produtos sejam vetados para produtores sul-americanos. 

 Outra dificuldade, relacionada a esta área, é o poderoso lobby dos produtores rurais em Bruxelas, a sede da União Europeia. A pressão é liderada principalmente pelos franceses. “A Política Agrícola Comum é um pilar comunitário. Eles fazem questão de proteger seus produtos.” 

 Segundo a entidade empresarial, um movimento nesta área destravaria o acordo, pois daria ganhos mais concretos ao Mercosul, já que possui em sua pauta produtos como carne, frango, açúcar, etanol e arroz. 

 Mas as dificuldades para o Brasil estabelecer uma parceria com os europeus não se restringem a isso. “Uma das dificuldades é o arranjo do Mercosul, que obriga que as negociações sejam feitas em bloco. Talvez fosse a questão de repensá-lo transformando-o de união aduaneira imperfeita em zona de livre comércio, o que facilitaria as negociações já que elas poderiam ser feitas pelos países diretamente com os blocos.” 

 Do ponto de vista político, explica a CNI, a União Europeia passa por um momento de turbulência interna e também há o Brexit, o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, o que influencia na capacidade de o bloco ampliar as ofertas na agricultura e realizar outros movimentos. 

 A entidade empresarial avalia que é factível a realização de um acordo político, que seria um entendimento geral sobre os principais temas e compromissos concretos em abertura de mercado. Mas, ela avalia que nesse momento não seja o mais provável, sobretudo pela situação política da UE e a abertura de mercado muito conservadora oferecida ao Mercosul em termos de agronegócio.

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