
Três meses depois das enchentes que devastaram o estado de Santa Catarina, o porto de Itajaí, um dos principais pontos de entrada e saída de mercadorias do país, ainda sofre as consequências dos violentos temporais que causaram a morte de 135 pessoas, deixaram milhares desabrigadas e provocaram bilhões de reais de prejuízo para o estado.
A capacidade operacional do porto está reduzida de 46 para dez navios mensais, e só deverá ser normalizada em seis meses, quando terminarem as obras de dragagem e reconstrução das áreas destruídas no final do ano passado. Quando isso acontecer, o porto deverá deixar de ser operado pela Prefeitura de Itajaí e passar à responsabilidade da iniciativa privada, de acordo com o atual superintendente, Antonio Ayres dos Santos Junior.
Os prejuízos causados pela destruição do porto são tremendos. A perda na arrecadação do Imposto sobre Serviços (ISS) do município, que deixa de ser recolhido com a redução da entrada e saída de mercadorias, é de 65%. Isso é só uma parte do prejuízo porque, de acordo com a prefeitura local, há também uma perda ainda não estimada com o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que deixa de retornar ao município. Em razão das perdas, o prefeito Jandir Bellini (PP) teve de bloquear 20% (R$ 120 milhões) do orçamento do município para 2009, logo após tomar posse.
A recuperação do porto custará caro, mas o dinheiro está garantido pelo governo federal: R$ 198 milhões, dos quais R$ 170 milhões para reconstruir os dois berços cais de atração de navios destruídos pela fúria das águas e R$ 28 milhões para refazer o pátio interno do armazém 2, principal local de estocagem de mercadorias zona portuária de Itajaí. Outros R$ 17 milhões já haviam sido liberados para a dragagem que está sendo executada no canal de acesso e na bacia do porto, para permitir o restabelecimento da profundidade de 11 metros, necessária aos navios de maior porte, que hoje não podem utilizá-lo.
Pelo lado do município, o prefeito prorrogou o estado de calamidade pública por mais 90 dias, para acelerar as obras de recuperação do município com equipes da própria prefeitura, sem necessidade de licitações. As principais metas são a recuperação de escolas, da rede de saúde e da malha viária as ruas da cidade, que tiveram 90% de sua área total atingida de alguma forma pelas águas que transbordaram do Rio Itajaí-Açu.
Atualmente, as dragas que trabalham na recuperação da profundidade do canal de acesso do porto já conseguiram aprofundá-lo para 9,5 metros, o que melhorou consideravelmente a navegabilidade. Depois dos temporais do ano passado, a profundidade, que era de 11 metros, foi reduzida para 7,2 metros pelo assoreamento, que é o acúmulo de areia e lixo carregado para o canal pelas águas dos rios que desembocam no estuário do Itajaí-Açu. De acordo com o diretor técnico do porto, José Valdivino Arruda Coelho, a ideia é, futuramente, aprofundar o canal para 14 metros e alargá-lo em 20 metros, a fim de mantê-lo navegável mesmo em caso de novas enchentes. Segundo ele, o dia 20 de março é o prazo para que as dragas restabeleçam a profundidade de 11 metros no canal e o porto volte a receber os maiores navios que lá operavam até novembro do ano passado. Quando isso acontecer, terão sido dragados 2 milhões de metros cúbicos de areia e lixo do fundo do rio.



