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O Brasil ainda não conseguiu controlar o aparecimento de focos de febre aftosa no rebanho bovino de Mato Grosso do Sul e já tem de enfrentar uma nova ameaça à sanidade das criações comerciais e às exportações nacionais de carne: a gripe aviária. A doença, já detectada na Ásia, na Europa e até na vizinha Colômbia, está sendo considerada pelas autoridades sanitárias ainda mais preocupante que a aftosa por causa de sua disseminação mais rápida e por ser, ao contrário daquela, uma zoonose – transmissível ao ser humano.

Desde meados de 2003, a Influenza aviária já contaminou 120 pessoas no Sudeste Asiático, provocando pelo menos 60 mortes. Para impedir a propagação do vírus já foram sacrificadas mais de 140 milhões de aves, em vários países. Agora, a doença chegou ao continente europeu. A Organização das Nações Unidas (ONU) já teme uma epidemia mundial, que poderia afetar até 150 milhões de pessoas.

Preocupado com o risco, de acordo com reportagem de Valmir Denardin da Gazeta do Povo desta quinta-feira, o governo brasileiro prepara um programa emergencial para enfrentar a gripe aviária. O Plano Nacional de Contingência, que deverá ser divulgado nos próximos dias, envolve os ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa), Saúde e Meio Ambiente e até a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

"Primeiro precisamos estabelecer medidas para evitar a entrada da doença em nosso território. Depois disso, precisamos saber o que fazer para impedir a disseminação do vírus, caso ele chegue ao país via aeroportos ou aves migratórias. Por fim, devemos estar preparados para eliminar eventuais focos", enumera Inácio Kroetz, sub-secretário de Defesa Agropecuária do Mapa.

Além da questão de saúde humana, a preocupação tem forte justificativa econômica. O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango. Entre janeiro e setembro deste ano, as vendas ao exterior atingiram US$ 2,5 bilhões, praticamente a mesma receita de todo o ano passado – US$ 2,59 bilhões. O Paraná, maior produtor nacional e responsável por 27% do total de exportações, tem especial interesse nesse trabalho.

O veterinário Valmir Kowalewski de Souza, delegado do Mapa no Paraná, considera a gripe aviária ainda pior que a febre aftosa. Para enfrentar a ameaça, ele sugere a criação de um sistema rápido de diagnóstico de eventuais casos da doença – de no máximo três dias – para que seja possível se tomar ações eficazes de combate ao vírus.

O vice-governador e secretário de Agricultura, Orlando Pessuti (PMDB), defende a implantação de um circuito para a sanidade aviária, levando-se em consideração as aves selvagens migratórias. Essas aves são consideradas vetores da doença. No Brasil, os dois principais destinos são a Lagoa dos Patos (RS) e o Pantanal (MT e MS). O país tem 15,6 mil quilômetros de fronteiras, inclusive com vizinhos com regras sanitárias mais frouxas, como Bolívia e Paraguai.

O presidente da Associação dos Abatedouros e Produtores Avícolas do Paraná (Avipar), Alfredo Kaefer, diz que o Brasil tem granjas com alta tecnologia, nas quais não existe o contato com aves migratórias. Isso seria uma barreira forte ao contágio.

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