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Ao pensar em um curso de Psicologia, o que vem à cabeça é um trabalho em torno da mente das pessoas, por meio da palavra. O que dificilmente se sabe, pelo menos entre leigos na área, é que existe uma abordagem, a única, que trata do ser humano através do corpo, a Psicologia Corporal. A técnica nasceu da atuação de Wilhelm Reich, um psiquiatra austríaco precursor desse trabalho. O Centro Reichiano, onde a técnica é ensinada com título de especialização, existe há cerca de 20 anos e atende pessoas das mais diferentes faixas etárias, partindo de uma média de 20 anos de idade.

Como explica o psicólogo paranaense José Henrique Volpi, um dos diretores do Centro, esta técnica de prevenção e cura parte do pressuposto que o caráter das pessoas está gravado no nosso corpo. "A nossa história está ancorada na nossa musculatura. Se olhar para o seu corpo, eu sei grande parte da sua história", diz. Em entrevista à Gazeta do Povo Online, Volpi explicou mais detalhes sobre esta técnica, além de dizer como e por quem ela pode ser aplicada. Volpi também é especialista em Psicologia Clínica, Anátomo-Fisiologia, Psicodrama e Psicoterapia Reichiana (Vegetoterapia e Orgonoterapia). Confira os principais trechos da entrevista:

Gazeta do Povo Online - Qual é a proposta do curso de especialização em Psicologia Corporal?

José Henrique Volpi - É especializar profissionais, independente da graduação, para atuar tanto na abordagem clínica quanto na abordagem pedagógica. Na abordagem clínica, o que vai diferenciar é a carga horária. Um jornalista, por exemplo, quando terminar o curso vai sair com o título de especialista em Psicologia Corporal, na categoria de Terapeuta Corporal Reichiano. Quem é psicólogo, vai sair com o título também de especialista em Psicologia Corporal, porém a categoria que a gente dá para ele é de Psicoterapeuta.

Como as pessoas podem entender essa diferença?

O Terapeuta na verdade é qualquer um. Ele vai auxiliar seu cliente com orientação, com massagem, em trabalho de dinâmica de grupo. É um trabalho mais pedagógico. Um Terapeuta Corporal Reichiano é aquele que vai buscar toda a base do conhecimento de Wilhelm Reich. Um jornalista, por exemplo, vai aplicar no seu conhecimento e também no seu trabalho, isso vai ajudar a poder entender melhor um pouco mais a dinâmica das pessoas, a psicologia de uma forma geral. Porém, não vai poder clinicar, somente se fizer a residência (um ano a mais). Mas se é um psicólogo, automaticamente terá a habilitação para abrir um consultório e então vai poder ser um Psicoterapeuta. Mas a aula é a mesma para todo mundo, o que difere é o título e a abordagem, atuação prática.

Quem são os profissionais que procuram por esta especialização?

Temos psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, fisioterapeutas, médicos, dentistas, que são profissionais da área de saúde. Mas depois começam a aparecer outros profissionais também, como advogados, juízes, jornalistas, educadores de uma forma geral.

O que buscam estes profissionais que não são formados em áreas da Saúde?

Além de ajudá-los a poder se conhecer um pouco mais, também podem estar aplicando isso de uma certa forma também dentro da profissão. E as pessoas sempre dão o retorno disso, de quanto é importante. A gente recebe muitos musicoterapeutas, por exemplo, que vão associando o trabalho da corporal dentro da musicoterapia. Então fica um trabalho muito bonito, muito gostoso. A proposta do curso é ser interdisciplinar. Eu acho que isso é uma chave grande. Hoje em dia a gente tem que trabalhar com a interdisciplinaridade.

Como tem sido a procura pelo Centro Reichiano nestes 20 anos?

Hoje a procura é muito grande, até porque a Corporal foi se divulgando cada vez mais em função dos congressos que nós organizamos. A grande maioria vai para a psicanálise. Dificilmente se encontra universidades que dêem essa disciplina da Psicologia Corporal, elas buscam mais a psicanálise. Nós somos uma minoria nesse mundo de psicólogos e psicanalistas. Reich foi um grande opositor da psicanálise e isso contribuiu muito para que os psicanalistas se distanciassem dessa abordagem. A Psicanálise não inclui o corpo dentro do trabalho dela, é basicamente mental. Não dá para dizer que são contra, mas é um trabalho diferenciado.

Por que esta técnica é pouco conhecida?

A Psicologia Corporal difere de qualquer outra abordagem porque é a única dentro da psicologia que inclui o corpo. Em compensação todas as outras trabalham com a mente, com a palavra. Por isso, é pouco explorada dentro das universidades, portanto as pessoas ainda não conhecem.

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