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Os primeiros nove meses de 2017 trouxeram muitas oportunidades para professores de educação de base. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Os primeiros nove meses de 2017 trouxeram muitas oportunidades para professores de educação de base.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A economia brasileira está dando passos em direção à recuperação. Segundo os últimos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no trimestre encerrado em setembro o índice de desocupação brasileiro caiu mais uma vez, chegando a 12,4%.

Mas quem está gerando mais empregos para suprir a lacuna gerada pela crise? As áreas de educação e saúde, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Entre as 20 profissões de nível superior com o maior saldo de vagas no período de janeiro a setembro deste ano, onze são da área do ensino – professores de educação infantil e ensino fundamental em diferentes séries, auxiliar de desenvolvimento infantil e orientador educacional – e três da saúde – enfermeiro, farmacêutico e fisioterapeuta geral.

VEJA INFOGRÁFICO: quais áreas estão contratando

O saldo de vagas, representado pela diferença entre o total de admissões e demissões, foi de 98 mil para profissionais de nível superior nos primeiros nove meses de 2017 e 80% deste total está concentrado em 20 ocupações. A maioria delas é do setor de serviços, o último a ser afetado pela crise e que emprega cerca de dois terços da população brasileira.

Por isso, para Marcelo Curado, professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), não é surpreendente que é daí que venha também a maior fatia de oportunidades.

“Qualquer crescimento na área educacional é muito importante, mas a base tem deficiências muito grandes”, afirma, destacando o fato de esses empregos terem sido gerados especialmente nos primeiros níveis educacionais (educação infantil e ensino fundamental).

A força dos serviços também pode ser percebida nas profissões que lideram o saldo de empregos: auxiliar de escritório e assistente administrativo. Juntas, essas duas posições geraram quase 22 mil novas oportunidades entre janeiro e setembro deste ano.

As profissões e cargos que continuam em baixa

No mesmo período, o menor saldo de vagas entre pessoas com Ensino Superior completo ficou com profissões ligadas às áreas administrativas. A que teve a maior diferença negativa entre contratações e demissões (-5834) foi a de escriturário de banco, seguida por gerente administrativo (-4428), supervisor administrativo (-3616) e administrador (-2828).

Outras posições ligadas a bancos também aparecem entre aquelas com os piores saldos, como gerente de contas para pessoas física e jurídica, gerente de agência e chefe de serviços bancários. O mau desempenho da área mostra que, apesar de lucros altos, os bancos continuam demitindo. Isso poderia ser explicado pela maior adoção de soluções tecnológicas na cadeia que envolve o sistema, agências e clientes, possibilitando que o mesmo número de pessoas sejam atendidas por uma quantidade menor de trabalhadores.

O impacto da crise no setor da construção civil também aparece entre os profissionais de nível superior. A quinta profissão com menor saldo entre admissões e dispensas é a de engenheiro civil (-2535), sendo que a de arquiteto de edificações aparece na 18.ª posição, com -599 vagas.

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O que vem por aí

A aposta do professor Marcelo Curado para o futuro é a de que, caso o ritmo atual de melhora na economia se equilibre e se fortaleça, o varejo será o próximo setor a se recuperar, já que está vinculado ao aumento no consumo da população. Mesmo assim, o ritmo de geração de emprego não é tão forte quanto o da recuperação, já que está ligado a outros fatores, entre eles a confiança na estabilidade do país.

“O desemprego só vai cair sensivelmente depois que a economia voltar a crescer 4 ou 5% ao ano. O desemprego cai depois do crescimento econômico, assim como ele cresce apenas depois de recessão”, explica Curado.

Assim como o empregador reluta em demitir funcionários em momentos de dificuldade econômica, pois dispensa profissionais capacitados, também resiste na hora de fazer novas contratações por medo da instabilidade.

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Enquanto períodos pós-crise tenham a tendência de vir acompanhados por um crescimento mais pronunciado, o quadro geral do emprego no Brasil só deve ficar mais nítido depois das eleições de 2018.

A indústria e a construção civil, dois grandes geradores de emprego formal, sofrem com problemas mais profundos, dependendo de investimentos e facilitação ao crédito, respectivamente. Assim, precisam ainda mais de uma situação política de menos incerteza para ganhar força e gerar oportunidades.

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