
A psicóloga Silvia Rocha, especialista em recursos humanos, atuou como gerente da área de RH por quase sete anos em uma empresa de grande porte de comércio de veículos pesados, em Curitiba. Durante o período em que permaneceu no grupo com cerca de mil funcionários, implantou, entre outras atividades, uma política de desligamento e reduziu o índice de rotatividade de 8% ao mês para 2%.
Ao ser desligada da empresa no início de 2014, Silvia vivenciou uma demissão menos traumática justamente pelo programa que havia implantado. A empresa arcou com as sessões de outplacement, processo conduzido por consultorias de recursos humanos para auxiliar o colaborador dispensado a conseguir uma recolocação no mercado de trabalho no menor tempo possível.
O processo tem duração média de seis meses e envolve todas as ações necessárias para orientar o executivo na prospecção de novas posições. A ideia é humanizar a demissão, sendo vista como um ato de responsabilidade social da organização para com o funcionário. A preparação inclui testes, simulações de entrevistas, planejamento econômico, estímulo ao networking, reflexo sobre o mercado de trabalho e identificação de competências.
Resultados
Segundo Ana Beatriz Tartuce Jorge, sócia da Toolssearch e da Contravento, duas empresas que prestam consultoria e seleção para grandes clientes, a cada cinco pessoas que fazem outplacement, três conseguem recolocação mais rápido. Em média, um gerente demora cinco meses até conseguir uma nova oportunidade e um diretor, oito meses. Com a crise econômica, os prazos podem ser ainda maiores.
“Nós, que somos mais experientes, também ficamos perdidos quando saímos de uma empresa”, diz Silvia, com 15 anos de atuação na área de recursos humanos. Ela conta que participar das sessões de outplacement foi fundamental para analisar o mercado e conhecer melhor suas potencialidades. “Tinha dúvida se continuaria no mundo organizacional ou se eu iria empreender. Com o outplacement, percebi que tenho potencialidades diferentes daquelas em que era testada no dia a dia, como visão sistêmica, de administradora”, diz. A psicóloga decidiu abrir a Fly Desenvolvimento Humano neste ano e já atende 25 clientes.
Os auxílios para transição de carreira começaram nos Estados Unidos, na década de 60, para ajudar cientistas e engenheiros demitidos. No Brasil, as primeiras empresas especializadas chegaram em 1990. Mas a prática só ganhou força nos últimos cinco anos e ainda é restrita a grandes companhias. De acordo com Ana Beatriz, de 20% a 30% das empresas de grande porte adotam processos de recolocação para funcionários de alto escalão.



