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Uma das quatro propriedades interditadas pela Secretaria Estadual de Agricultura (Seab) por suspeita de aftosa é a Fazenda Experimental do Centro Universitário de Maringá (Cesumar), no Noroeste, que confirmou a compra de animais no leilão em Londrina, no Norte do estado, no início do mês. São 32 bovinos que tiveram substâncias recolhidas para ser examinadas no Laboratório Nacional de Agricultura, em Belém (PA). De acordo com a reportagem da Gazeta do Povo deste quarta-feira, trata-se da primeira fazenda paranaense que tem suspeita de foco a ser identificada – os nomes das demais não foram divulgados.

De acordo com a Seab, o resultado dos exames – de Maringá e das outras três cidades sob suspeita – só será divulgado na tarde de quinta-feira ou, mais provavelmente, na sexta pela manhã. Ouvido pela RPC TV Paranaense na manhã de quarta, o coordenador do Laboratório Nacional de Agricultura disse que as amostras do Paraná só chegaram a Belém na noite de segunda-feira.

Num primeiro momento, o Cesumar evitou comentar a suspeita de aftosa na propriedade, seguindo uma determinação da Seab, que se negou a comentar sobre o local. A Seab apenas informou que a fazenda da universidade era um dos 50 locais interditados na região. A propriedade, que fica na saída para Astorga, foi inaugurada há dois anos, tem 144 alqueires e aproximadamente 450 animais que são usados na parte prática dos cursos de Veterinária e também de Gestão em Agronegócios.

Os bovinos são cruzados das raças simental e aberdeen angus e seriam usados para reprodução. O Cesumar faz transferência de embriões e fertilização in vitro. "Os animais estão aparentemente bem de saúde", comenta a administradora da fazenda, Iraclézia Araújo. "Eles estão isolados dos outros animais num procedimento em que deixamos os bois que vêm de outras regiões em quarentena antes de se misturarem com os outros no pasto".

Maringá tem 50 propriedades rurais interditadas devido à suspeita de foco de aftosa, isolando aproximadamente 1,7 mil cabeças de gado. "É uma precaução, um alerta geral", justifica o diretor do Núcleo Regional da Seab, Renato Cardoso. "Queremos evitar o que aconteceu em Mato Grosso do Sul, que anunciou os casos quando já era tarde".

Caso o resultado dos exames não confirme a suspeita, as barreiras serão desmontadas imediatamente. Porém, caso haja um animal com aftosa, as barreiras serão ampliadas para um raio de 10 quilômetros e depois para 25 quilômetros do foco. A Seab tem cinco barreiras fixas, quatro equipes móveis e quatro barreiras nas rodovias da região, com mais de 30 pessoas e apoio da Polícia Militar. Já a Sociedade Rural de Maringá (SRM) informa que começou a vacinação dos animais, orientando os 700 pecuaristas filiados. O rebanho da região é de 1,2 milhão de cabeças.

Fragilidades

Enquanto não sai o laudo sobre as suspeitas de focos de aftosa, o estado tenta isolar as áreas possivelmente infectadas. Mas, em alguns locais, há sinais de fragilidade nas barreiras sanitárias. Entre os exemplos, estão fazendas de Ortigueira (Centro do Paraná) e Quinta do Sol (Centro-Oeste).

A Fazenda Brasileira, em Ortigueira, foi ocupada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no mês de julho. Segundo seu proprietário, Osvaldo Petrilli, os sem-terra não têm qualquer tipo de controle ou manejo do rebanho de mais de 4 mil cabeças. O problema é que a propriedade é vizinha a uma fazenda interditada há alguns dias pela Seab no município de Grandes Rios, com suspeita de ter gado contaminado por febre aftosa. As duas fazendas são separadas apenas pelo Rio Alonso.

Em Quinta do Sol, uma fazenda interditada desde 10 de outubro não apresenta nenhuma barreira sanitária. A proprietade tem 66 cabeças de gado vindas de Eldorado (MS) – onde foi detectado o primeiro foco do estado vizinho – e compradas pelo proprietário em um leilão em Londrina. Na entrada da propriedade, apenas uma corrente segura a porteira. "A única recomendação dos veterinários da Seab foi de impedir o acesso ou saída de pessoas à propriedade, mas nenhum tipo de desinfecção está sendo feita", afirma o caseiro.

Segundo o médico veterinário da Seab de Engenheiro Beltrão, Sérgio Acuto, no local não foram colocadas barreiras sanitárias porque nenhum animal apresentou qualquer alteração na temperatura ou lesão na boca. "A fazenda foi interditada por precaução e estamos monitorando os animais diariamente". Segundo Acuto, os animais não apresentaram sinais da doença, mas, por virem de Eldorado, foi necessário coletar amostras de sangue para realizar os exames.

Embargo

A Argentina ampliou o embargo à carne brasileira para os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Desde o dia 12 já estava proibida a carne de Mato Grosso do Sul.

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