O mercado de trabalho na área de informática, principalmente em Tecnologia da Informação (TI), está se expandindo tão rapidamente que a formação de profissionais não está conseguindo acompanhar, tanto em número quanto em qualificação. É o que revelam pesquisas recentes feitas pela Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet do Paraná (Assespro-PR) juntamente com a Companhia de Desenvolvimento de Curitiba (Curitiba S.A.).
As pesquisas apontam que atualmente há carência de 1,3 mil profissionais de TI na capital paranaense. A estimativa é que sejam criadas até 2010 mais 15 mil postos de trabalho. Segundo o presidente da Assespro-PR, Luís Mário Luchetta, para suprir essa demanda é necessário aumentar o número de profissionais formados, criando novos cursos e otimizando os já existentes. "Em média, 40% das vagas em cursos de informática na capital não estão ocupadas", afirma.
No entanto, para os responsáveis pelas 120 empresas associadas à Assespro-PR que foram consultadas nas pesquisas, a qualificação dos recém-formados também é um problema, pois ainda não chegou num patamar desejável. "A maioria não trabalha com as tecnologias e linguagens atuais. Isso é o mais grave. Eles devem conhecer plataformas atualizadas, mas normalmente estão muito à frente ou lidam com formas arcaicas", explica Luchetta.
Foi por conhecer uma linguagem específica que o ex-estudante do curso de Ciências da Computação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Luiz Gustavo Sampaio, de 26 anos, conseguiu um novo emprego. "O curso da Federal tem um foco mais voltado para software livre, mas eu sempre trabalhei com linguagens e metodologias de plataformas pagas. Recebi a oferta de emprego justamente porque tinha essa bagagem profissional", conta. Atualmente, Sampaio trabalha em período integral na MPS Informática. Ele foi obrigado a trancar a graduação na UFPR por ser à tarde. "Muita gente têm o mesmo problema", completa.
Formação
Nas consultas também foram descritas outras deficiências dos profissionais da área. Segundo os contratantes, muitos não possuem conhecimentos fora da área técnica, como noções básicas do funcionamento de uma empresa. A falta de uma língua estrangeira, principalmente o inglês, também foi citada. "O que acontece é que normalmente a formação dada pela universidade é superficial e está desatualizada em relação ao que é necessário. Os empregados acabam tendo que passar, no mínimo, por mais seis messes de treinamento na empresa", completa Luís Mário Luchetta.
Ainda de acordo com o presidente da Assespro-PR, a demanda e a qualificação são fatores distintos. A carência de profissionais é decorrente de uma expansão do setor, e não da falta de mão-de-obra qualificada. "A boa notícia é que o profissional que está fazendo curso na área está com emprego garantido. Atualmente, a demanda extrapola a necessidade de melhor qualidade na formação. A maioria dos estudantes já está trabalhando quando chega ao fim do primeiro ano dos cursos superiores de informática", explica. "Mas se o quadro fosse diferente, e houvesse abundância de profissionais, teríamos um excedente sem emprego", completa.



