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Bernt Entschev

Injeção de ânimo

Clara é gerente do Departamento de Recursos Humanos de uma multinacional renomada. A profissional gosta do que faz e, sobretudo, das pessoas com as quais convive no ambiente de trabalho. Embora seja responsável por tarefas bastante difíceis, como a demissão daqueles que não se encaixam na cultura organizacional, ela administra com equilíbrio os altos e baixos de sua rotina.

Certa vez passou por uma experiência complicada, em que precisou reafirmar seu interesse pela profissão. Clara foi encarregada de integrar Rogério, um profissional recém-contratado, proveniente de outra multinacional. A inserção de Rogério foi tranqüila, pois o administrador possuía maturidade, além de muitas habilidades técnicas e comportamentais. Em pouco tempo, os dois tornaram-se amigos, dividindo uma admiração recíproca.

Clara acompanhou de perto o crescimento de Rogério dentro da empresa. A promoção dele, após dois anos de casa, não a surpreendeu. A cada conquista do profissional, a gerente vibrava com orgulho, pois sentia que elas eram parte do desempenho dela própria, já que sua função era integrar e direcionar todos os novos colaboradores. Porém, tempos depois, Clara perceberia que ainda havia muito o que fazer pelo funcionário.

No mesmo mês em que Rogério completaria cinco anos na organização, chegaram ao Departamento de Recursos Humanos as avaliações de performance, feitas pelos gerentes de cada setor. Clara espantou-se ao tomar conhecimento da postura que Rogério vinha adotando por um longo período. As análises diziam que o administrador tinha atitudes explosivas, apresentava oscilações no humor e demonstrava má vontade para com os colegas e supervisores.

Intrigada com o relatório comportamental de Rogério, Ana chamou-o para uma reunião. Em particular, ele admitiu à colega que não sabia mais se o seu futuro seria naquela empresa. Disse-lhe que não se sentia motivado e que suas atribuições lhe pareciam enfadonhas e sem sentido. Na Gerência de Recursos Humanos, Clara percebeu que precisava auxiliar o companheiro, para que ele voltasse a ter o rendimento de outrora. Sugeriu, então, uma mudança de departamento, contudo Rogério não aceitou. Em seguida, motivou-o a tentar mais um pouco, visando a um objetivo futuro. Ele acatou a sugestão e, de fato, obteve uma melhora, mas que foi apenas temporária.

No mês seguinte, Clara recebeu outra avaliação de desempenho, e a de Rogério foi, mais uma vez, a mais baixa de todas. Nesse ponto, Clara reconheceu que precisaria tomar uma decisão difícil, mas que a longo prazo seria a melhor escolha para ambos, profissional e empresa. Por isso, convocou o colega para outra conversa, à qual deu início dizendo que iria ajudar Rogério a perseguir seus sonhos recomendando seu desligamento imediatamente.

"Você pode ser quem você quiser. Estou lhe dando a chance de começar de novo, de ser feliz profissionalmente", explicou-lhe Clara. E assim ela apontou, com transparência e honestidade, as questões que haviam dificultado a permanência dele no grupo. Não foi fácil para Clara; no entanto, ela sabia que a verdade iria auxiliar Rogério no aprimoramento de suas deficiências e, sobretudo, na busca por realizaç ão.

Poucos meses após a demissão, Clara recebeu uma ligação do profissional, que queria lhe contar que estava novamente empregado e que, dessa vez, estava feliz. No telefonema, Rogério disse também que devia muito a Clara e que agora entendia quanto ela o havia ajudado. "Sua opinião sincera me auxiliou a procurar outros caminhos, a descobrir o que de fato me satisfaz. Hoje, sim, posso vislumbrar um futuro promissor", concluiu.

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Na vida, situações aparentemente negativas podem se reverter, transformando-se em oportunidades. Muitas vezes, um profissional desgastado com o emprego e com a falta de desafios precisa de uma injeção de ânimo para retomar o desempenho, mesmo que seja por meio da demissão. Algumas rupturas são importantes para que possamos reavaliar nossas histórias, nossos conhecimentos. Somente assim podemos quebrar paradigmas e encontrar meios para a felicidade e para a realização pessoal.

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SAIBA MAIS...Crer para Ver A Natura, fabricante brasileira de cosméticos, promove desde 1995 o programa Crer para Ver, com o objetivo de melhorar o ensino público no País por meio do apoio técnico e financeiro a projetos educacionais. A iniciativa é mantida com a arrecadação gerada pela venda de uma linha de produtos composta por canecas, camisetas, cartões, envelopes e embalagens para presentes.

Esses itens são ven didos voluntariamente por consultoras da Natura, e todo o valor recolhido é destinado às ações patrocinadas pelo Crer para Ver. Desde a sua implantação, o programa apoiou 148 projetos em 3.638 escolas públicas de 21 Estados, envolvendo 901 mil alunos.

Em novembro de 2004, ele ampliou sua atuação, passando a contar com o Crer para Ver EJA, que incentiva jovens e adultos que não completaram o nível fundamental a voltar à escola, e com o Prêmio Crer para Ver - Inovando o EJA, cujo intuito é premiar as melhores práticas de professores e escolas atuantes nessa modalidade de ensino.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986

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