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A popularização da internet vem impulsionando as operações do "Home Broker", serviço da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) que permite ao investidor negociar ações pelo computador de sua casa. Esse canal de acesso ao mercado de ações foi criado em 1999 e vem batendo recordes de movimentação e participação de investidores. O serviço também se destaca pela captação de jovens aplicadores.

Em dezembro de 1999, quando o sistema tinha oito meses de existência, os negócios no Home Broker representavam 4,59% do total de transações feitas na Bovespa. Hoje essa participação chega a 17,5%. No mês passado 39.152 investidores fizeram alguma operação no "pregão doméstico", um número recorde.

- A internet cresce muito e seu principal mérito é levar as informações às pessoas com muito mais facilidade - diz João Batista Fraga, diretor de produtos e serviços da Bovespa.

Pela internet se tem acesso a tudo: leitura de relatórios setoriais, notícias relevantes, cotações em tempo real e consulta a especialistas. No Home Broker, a compra e venda de ações é decisão do investidor. Mas os bancos e corretoras de valores estão cada vez mais empenhados em oferecer informações e condições para o cliente operar de forma consciente e eficaz.

- O Home Broker é um canal de acesso importante para a bolsa. Ele está trazendo potenciais investidores que, apesar de já serem capazes de compreender e tomar decisões no mercado, ainda não tinham um acesso facilitado à bolsa - disse Fraga.

Segundo Fraga, a internet é também o canal que mais atrai jovens para a Bolsa, devido à maior intimidade com os meios eletrônicos. Mas o diretor ressalta que o simples acesso à informação não é suficiente. Segundo ele, para ter acesso a informações sofisticadas, é fundamental a capacidade de entendimento do investidor. Para isso é que a Bolsa, em seu programa de popularização do mercado de capitais, tem investido na educação financeira de potenciais investidores.

- Um dos pontos mais importantes é fazer o investidor saber que a bolsa é um investimento lucrativo no longo prazo - diz Guilherme Horn, gerente de marketing da corretora Ágora Sênior, há dois anos líder em operações pelo Home Broker.

A corretora, que responde sozinha por mais de um terço dos negócios no Home Broker, tem um braço eletrônico, o VipTrade, dedicado a atender o cliente em suas necessidades para a tomada de decisão. De acordo com Horn, o interesse do investidor pessoa física vem aumentando significativamente nos últimos 24 meses. Além da internet, ele relaciona esse aumento de interesse ao fim do período de mitos sobre o mercado de ações e à maior solidez do sistema financeiro nacional.

Segundo Horn, o perfil do cliente do Home Broker é bem definido. São na grande maioria homens e têm entre 35 e 60 anos, diz. Mas o interesse das mulheres e de pessoas mais jovens é cada vez maior. Os volumes movimentados crescem muito. Em novembro de 2002, a média diária de negócios no sistema era de R$ 21,6 milhões. Hoje está em R$ 166,6 milhões. O número de corretoras no Home Broker sofreu pouca alteração nesse período, passando de 47 em 2002 para 49 em 2005.

Apesar de o Home Broker levar o mercado de ações ao cliente em qualquer lugar do Brasil e do mundo, cerca de 70% dos negócios fechados ainda têm como origem as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, segundo dados da Ágora Sênior. Essa proporção é bem maior que a concentração de riqueza nessas duas praças. É isso que a Bovespa quer mudar.

O Projeto de Expansão Geográfica tem por objetivo dobrar o número de negócios totais na Bolsa. A velocidade vai depender das corretoras, que vão colocar em prática as opções de crescimento. A Bovespa já traçou um plano de médio e longo prazo, que começa com a popularização do mercado de capitais em 200 municípios estratégicos no país.

Nesse projeto, o Home Broker não é considerado como uma ferramenta para captação de clientes, mas apenas um canal de acesso. Segundo Fraga, a Bolsa constatou que em cidades do interior do país, onde a vida é menos agitada que nas grandes cidades, há uma grande necessidade do contato pessoal com a corretora.

Por conta disso, o projeto de expansão geográfica deve se concentrar na maior presença física das corretoras nos cidades. Essa maior penetração deverá acontecer por meios que vão do simples envio de profissionais a eventos populares à instalação de filiais nas cidades.

A bolsa já terá dobrado o número de negócios se as corretoras conseguirem obter no interior do país uma incidência de investidores equivalente a 20% do percentual das capitais de São Paulo e do Rio. Não é difícil, disse recentemente o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho, já que a bolsa ainda vê bastante espaço para crescer no eixo Rio-São Paulo.

Em reunião recente com representantes das corretoras, a direção da Bolsa discutiu os caminhos para a conquista de um público investidor maior. O superintendente-geral, Gilberto Mifano, destacou alguns modelos de crescimento, além da abertura de filiais. Entre eles está a popularização dos clubes de investimento e a contratação de um agente autônomo. O modelo mais novo é o chamado informalmente de "franquia", onde um agente autônomo se estabelece na cidade como pessoa jurídica.

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