Donos de quase 35% dos ativos do setor bancário no país, Bradesco, Itaú, Unibanco e Banespa já acumulam no ano um lucro de R$ 10,504 bilhões, 52,1% a mais do que nos nove primeiros meses de 2004. O melhor desempenho coube ao Bradesco, que ganhou R$ 4,051 bilhões e estabeleceu novo recorde histórico. O Unibanco, terceiro maior banco privado do país, divulgou quinta-feira seu balanço e o resultado também não desapontou: lucro de R$ 1,329 bilhão, alta de 46,4%. Só no terceiro trimestre, o ganho foi de R$ 475 milhões.
- Os administradores do banco estão satisfeitos com o ritmo de geração de resultados - afirmou o vice-pre sidente Corporativo do Unibanco, Geraldo Travaglia.
O executivo atribuiu o resultado ao aumento na concessão de crédito e ao controle de gastos. A mesma explicação vale para os demais bancos.
Segundo a consultoria Austin Asis, o volume total de empréstimos dos quatro bancos aumentou 24% nos últimos 12 meses, passando de R$ 143,7 bilhões para R$ 178,2 bilhões. Já o ganho final com esses empréstimos variou 18,3% na média, chegando a quase 20% no caso do Bradesco e do Itaú. A estratégia do setor foi focar seus esforços no segmento de varejo, que paga os maiores "spreads". Em operações para pessoas físicas, eles oscilam entre 42% e 43% ao ano, contra uma taxa de 8% para grandes empresas.
Pequenas e médias corporações pagam, na média, 15%. Do total de novos financiamentos liberados nos últimos meses pelo Bradesco, 41% foram direcionados a pessoas físicas (contra 31% em 2004). Já o Unibanco informou que o varejo, que há dois anos respondia por 49% das suas operações, agora tem participação de 56%. Do lucro líquido, 65% tiveram origem desse segmento.
- O diferencial ficará por conta de quem melhor souber emprestar - disse Erivelto Rodrigues, da Austin.
Entre alguns economistas, há o temor de que a "bolha" do crédito possa estourar no próximo ano, elevando substancialmente os índices de inadimplência. Por ora, os balanços não mostram isso e os próprios bancos tomaram a iniciativa de aumentar as chamadas provisões para devedores duvidosos. No Bradesco, o índice de empréstimos vencidos há mais de 60 dias caiu de 3,7% para 3,1%. No Itaú, estabilizou-se em 3,3%, enquanto o Unibanco conseguiu reduzir a taxa de 4,7% para 4,1%.
Travaglia, do Unibanco, disse que reforçou seus instrumentos internos de controle. Na Fininvest, apenas 35% dos pedidos de financiamentos estão sendo aprovados, contra 45% em 2004.
- Tem de existir uma prudência no crédito.



