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Empreendedorismo

Não é preciso ser gênio para inovar

Dois físicos brasileiros desenvolvem técnica para que qualquer empresa adote gestão de inovação

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Quem pensa que inovação é algo restrito a gênios e associa capacidade científica a seres superdotados que trabalham em laboratórios está enganado. Dois físicos brasileiros provaram o contrário com a criação de um método científico que auxilia qualquer empresa a implementar uma gestão de inovação e transformar seus negócios. A base científica da Física foi o ponto de partida de Clemente Nobrega e Adriano de Lima para a criação do Innovatrix, o método criado pelos dois e que agora também se tornou tema de um livro de mesmo nome.

Para Nobrega e Lima, que hoje atuam apenas como consultores empresariais, é preciso que as empresas aprendam a inovar. Aprender é a palavra exata, diz Nobrega, porque a inovação não é algo natural para as corporações. Ao contrário, a inovação é sistemática, e por isso é necessária a aplicação de ferramentas adequadas e treinamento de pessoas para se obter resultados.

O método dos autores é inspirado na Teoria para Solução de Problemas Inventivos (Triz), criada na década de 1940 pelo engenheiro russo Genrich Altshuller. A teoria diz que a inovação sempre resolve uma contradição técnica (por exemplo, o carro mais veloz, mas que gaste menos gasolina). Os princípios da Triz são aplicados hoje em empresas de sucesso, incluindo Boeing, GE e Sie­mens, segundo os autores.

No Brasil, a Casas Bahia é exemplo de empresa que conseguiu resolver uma contradição. A gigante do varejo queria vender mais entre os mais pobres. A solução encontrada foi o financiamento, que incentivou os consumidores situados na base da pirâmide a aumentarem as compras. Outro exemplo é o Cirque du Soleil. Seu idealizador conseguiu criar um circo com menos custo e maior valor em relação aos existentes.

Conceitos

O Innovatrix usa bases do Triz, mas não se limita a ela, segundo Lima, porque incorpora ferramentas para solução de problemas empresariais e a experiência dos próprios autores. Uma dos conceitos mais importantes somados ao Triz é o de que "as pessoas só compram uma coisa – um serviço, um produto – se a coisa realiza uma ‘tarefa’ para elas. Ou seja, algo que elas desejam que seja realizado." Esse conceito é chamado, em inglês, de "job to be done". Para os autores, o mundo das empresas é povoado por "jobs" que as pessoas querem realizar. E por meio do Inno­vatrix os físicos-consultores mostram às empresas a forma de se descobrir quais eles são.

Paranaense de Ponta Grossa e pós-doutor em Física pela ESPCI em Paris, Lima – que estreou no mundo corporativo quando foi trabalhar na AmBev – diz que o Innovatrix também é diferente de outros modelos já aplicados à área empresarial por ser baseado na ciência. "O importante é que o método desmistifica a figura do gênio inovador. Com método e ferramenta, qualquer um pode inovar", enfatiza.

No Brasil, pelo menos 10 empresas aplicam o Innovatrix hoje. A maior parte busca novas formas de gerar mais receitas, além de inovações em serviços, modelos de negócios e produtos. São clientes de diversos ramos, incluindo a área tecnológica.

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