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Maria Alice ao lado do marido André e das filhas Helene (esq.) e Lisa: rotina de viagens foi trocada por uma vida mais simples | Antônio Costa//Gazeta do Povo
Maria Alice ao lado do marido André e das filhas Helene (esq.) e Lisa: rotina de viagens foi trocada por uma vida mais simples| Foto: Antônio Costa//Gazeta do Povo

Sinais

Nem sempre as demissões são uma surpresa. Conheça os sinais de que as coisas não estão boas no ambiente de trabalho:

Mudanças organizacionais

Transformações nas equipes de gestão e processos produtivos podem indicar modificação também no quadro de funcionários.

Conversa com chefia

Quando a chefia aponta os pontos a melhorar, isso deve ser encarado como um alerta para uma necessidade de aumento de produtividade.

Metas abaixo do esperado

Cuide para manter suas metas acima das propostas. Esse é um dos indicadores mais levados em conta dentro das corporações.

Estagnação

A falta de pró-atividade e iniciativas também podem ser encaradas negativamente pela chefia. Procure ficar atento às necessidades da empresa e ofereça soluções sempre que possível.

Fontes: Edmar Gualberto, professor de gestão de RH, e Flávio Nardelli, gestor de RH e headhunter.

Tudo parece relativamente bem no ambiente de trabalho quando de repente chega a notícia capaz de desestabilizar até o mais centrado dos funcionários: "Você está demitido!" A frase é tão assustadora que foi parar nas telonas. No filme Amor sem escalas, em cartaz nos cinemas brasileiros, o ator George Clooney interpreta um executivo responsável por demitir pessoas. A cada demissão, diferentes reações – "como vou pagar minhas contas?", "eu já tenho 57 anos, como vou começar de novo?", "o que vou dizer para meus filhos?". No caso do filme, a reação dos demitidos ganha ainda mais força porque a maioria foi protagonizada por pessoas que realmente perderam seus empregos, e não por atores. Como um próprio caso do filme revela, porém, a demissão não precisa ser um prenúncio do fim. É muitas vezes a chance de um recomeço, de reavaliar a carreira profissional e a relação entre trabalho e convívio familiar. Basta superar o trauma inicial e levantar a cabeça.

Para o professor do curso de gestão de Recursos Humanos da Unicuritiba, Edmar Gualberto, tudo começa na forma como acontece. "Se esse desligamento é fruto de um acordo dentro da empresa, em que o funcionário se sente estagnado naquele posto, o trauma não existirá. O funcionário e a empresa entendem que os limites de atuação de ambos os lados já se esgotaram", diz. "Porém, infelizmente não é assim que acontece na maioria dos casos."

Gualberto explica que superar o susto é mais difícil quando não se percebe o risco iminente. "De repente é uma pessoa que trabalhou 20 anos no mesmo local, mas não conseguiu fazer a leitura daquela empresa. Então a empresa afirma que não há mais espaço para a pessoa. Ela se vê com 40 e poucos anos e desempregado. Fica realmente sem chão, com um vazio no estômago, não consegue ver uma luz no fim do túnel."

Soa como o fim do mundo, mas não é, destaca o gestor de recursos humanos e headhunter Flávio Nardelli. "É óbvio que uma pessoa comum vai levar algumas semanas para se recuperar, mas com um pouco mais de tempo deve reavaliar sua postura e os rumos que sua carreira pode tomar", diz. Para ele, essa é a hora de traçar o futuro profissional. "Se foi demitido, é porque não se adaptou à política da corporação, então deve achar um local que se sinta bem. Talvez até uma função que desempenhe melhor. Enfim, deve seguir em frente, mais maduro e experiente."

Em Amor sem escalas, o personagem de Clooney sugere a um dos demitidos que ele se torne chefe de cozinha, área que havia estudado na época da graduação e listado em seu currículo, mas abandonado. O argumento usado para acalmar o demitido é de que aquela era uma oportunidade para fazer o que ele realmente amava. Se não tivesse sido demitido, provavelmente ficaria acomodado e não teria essa chance.

Pés no chão

Para o professor da Unicuritiba, Edmar Gualberto, voltar forte de uma demissão exige atenção antes mesmo de ela acontecer. "O profissional não pode parar, deve estar sempre se recapacitando, ter uma boa rede de relacionamentos, pois nem sempre a sua empresa oferecerá um serviço de recolocação no mercado", diz. Caso isso não tenha sido feito, a indenização recebida pode ser uma boa fonte de investimento para aprimoramento profissional ou serviços de recolocação.

Da demissão de uma multinacional para a realização em família

Para a curitibana Maria Alice Alexandre, a perda de emprego veio para mudar sua vida. Após alguns anos gerenciando o departamento de compras da Nokia, ela viu seu emprego escapar com a crise econômica mundial. "No primeiro semestre do ano passado, a companhia passou a eliminar cargos. Logo percebi que o próximo poderia ser o meu", diz.Foi o que aconteceu em maio. A demissão pôs fim à vida de viagens nacionais e internacionais e de trabalho incessante da ex-gerente regional da multinacional de tecnologia. "Tinha de morar em São Paulo, apesar de minha família ser daqui. Minha vida era toda voltada para o emprego", conta Maria Alice.

Reflexão

Apesar do bom status profissional e ganhos salariais, não demorou muito para a curitibana reavaliar a sua trajetória. O momento pós-demissão serviu como um tempo para reflexão e foi também uma oportunidade para redefinir quais eram suas prioridades. "Nas semanas seguintes à demissão pude analisar a minha carreira. Vi o quanto realizei por onde passei e percebi que não precisava mais dessa luta pelo crescimento profissional. Voltei para Curitiba para ficar junto da minha família e ter uma vida mais simples."

Atualmente, Maria Alice trabalha avaliando empresas para conceber certificados de biodiversidade. "Tenho mais tempo livre e encontrei um trabalho que me dá toda a realização que sempre quis", constata.

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