Repensar a carreira, estudar e conhecer outros lugares. Esses são alguns dos objetivos de quem decide apostar em um período sabático, prática crescente no Brasil nos últimos dez anos. O termo hebraico refere-se ao período de descanso que a terra passava após as colheitas. Atualmente, tem relação com a pausa que profissionais dão em suas carreiras.
Romper a rotina de trabalho pode trazer bons resultados na vida profissional, mas esse tempo deve ser bem aproveitado, "não adianta ficar em casa vendo tevê", explica o consultor de carreiras da Lee Hecht Harrison DBM, André Andrade. Deve-se, segundo ele, investir em estudos, principalmente fora do país, ampliar o networking e conhecer outras culturas. "A pessoa precisa trazer todo investimento que ela fez para o currículo".
Em 2013, a advogada Deise Warken fez exatamente isso. Com uma reserva financeira suficiente para seis meses de afastamento, pediu demissão do escritório onde trabalhava na área de gestão. "Em setembro do ano passado decidi passar dois meses fora do país estudando inglês. Depois ainda teria tempo para me recolocar no mercado". Para ela, o sabático ajudou a pensar e descobrir seus desejos para o futuro. "Mas você precisa ter um direcionamento do que fazer com esse tempo, se não será proveitoso".
Deise voltou para o mercado de trabalho no início de março, dentro do planejado, assumindo o cargo de gestora de qualidade no novo escritório. "A primeira coisa que fiz foi avisar meus contatos que eu estava de volta". Para Andrade, é essencial que o profissional cadastre seu currículo nas mídias sociais: "O LinkedIn é a principal mídia que move o mercado de trabalho hoje e ajuda grande parte das pessoas a voltar de um sabático".
De acordo com Andrade, a pausa estratégica ainda é um tema que está se consolidando no Brasil, mas as empresas estão vendo com bons olhos essa experiência. "As multinacionais que estão investindo no Paraná, por exemplo, conhecem o processo, porque na Europa é comum que os profissionais, principalmente altos executivos, se beneficiem de um período como esse". Para Deise, a volta ao mercado de trabalho foi impulsionada pelo intercâmbio: "o empregador percebe que você ganhou visão de mundo, a empresa está em expansão e eu posso trazer algo novo".
