Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Análise

Preços em baixa, salários em alta e maior poder de compra do trabalhador

Uma série de indicadores econômicos divulgados nos últimos dias está mostrando que o poder de compra dos salários está crescendo no rastro da forte redução da inflação - com queda acentuada nos preços do alimentos - das negociações salariais e da baixa do dólar.

A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) divulgou que os salários reais pagos pelo setor tiveram em agosto aumento real (descontada a inflação) de 1,29% sobre junho e de 9,33% na comparação com julho do ano passado. O indicador vem crescendo há cinco meses seguidos. No ano, os salários acumulam avanço de 9,02%, a maior variação em dez anos.

- Isso mostra uma recomposição dos salários e a queda da inflação é o principal fator que explica esse comportamento - explica Flávio Castello Branco, coordenador de política econômica da CNI.

Uma pesquisa do Dieese mostrou que as negociações entre empresas e funcionários realizadas no primeiro semestre do ano tiveram o resultado mais favorável aos empregados desde que a pesquisa foi iniciada, em 1996. De 347 negociações analisadas, 83,6% tiveram reajustes iguais ou superiores à inflação (INPC) registrada nos 12 meses anteriores.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado no ano até agosto é de 3,59%, a menor taxa desde 1998, e o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou a maior queda de preços desde setembro de 1995. Na média, os preços da cesta básica calculada pelo Dieese em 16 capitais do país estão 7,6% mais baratos do que um ano atrás. No Rio, o valor médio das cestas de compras de todas as famílias medido pela Fecomércio-RJ caiu 5,17% no último trimestre.

- Estamos saboreando os benefícios de uma inflação baixa, inclusive com efeito distributivo, que permite a recomposição da renda e do salário real, em especial das faixas mais pobres da população - afirma Carlos Langoni, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O IPCA, usado no sistema de metas de inflação do governo, caiu de 0,25% em julho para 0,17% em agosto. Já o IGP-DI recuou pelo quarto mês consecutivo e registrou deflação de 0,79% em agosto, um resultado melhor que o estimado pela média do mercado.

A melhor notícia é que todos os índices apontam forte queda nos preços dos alimentos, itens com maior peso no bolso de trabalhadores de baixa renda. Pelo IPCA, em agosto, com exceção de Belém, onde a taxa ficou estável (0,01%), o grupo dos alimentos mostrou queda em todas as regiões pesquisadas, chegando a -1,01% em São Paulo. Entre os produtos que mais influenciaram a baixa dos alimentos em agosto destacaram-se batata inglesa (-15,99%); cebola (-11,13%); tomate (-8,37%); feijão preto (-6,07%); hortaliças (-6,04%); feijão carioca (-3,15%) e leite (-3,02%).

Já pelo IGP-DI, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice de Preços por Atacado (IPA), que tem peso de 60% no indicador geral, cedeu 1,04%, contra queda de 0,69% em julho. No atacado, alimentos in natura registraram deflação de 8,64% em agosto, e alimentos processados -1,65%.termino_materia começa coordenadas termina coordenadas

A trajetória de queda pode ser explicada pela boa oferta dos produtos agrícolas e a valorização do real frente ao dólar, que tem impactado os preços de alguns itens no atacado e, conseqüentemente, no varejo.

As atuais quedas dos índices gerais de preços, que têm forte peso do atacado, também terão reflexo no futuro. Esses índices servem de referência para os reajuste anuais de energia elétrica, telefonia e aluguel, por exemplo. Como têm apontado deflação, os reajustes de tarifas serão menores e, em alguns casos, como energia elétrica, poderão até cair. Além disso, a deflação no atacado tende a se refletir no varejo.

Esses dados reforçam a perspectiva de um aumento do poder de compra dos brasileiros no segundo semestre. Na semana passada, o IBGE informou que o Consumo das Famílias teve variação positiva de 0,9% no segundo trimestre contra o primeiro trimestre de 2005, e de 3% na comparação com o mesmo período de 2004. No acumulado em 12 meses, o item avançou 4,2%, registrando crescimentro pelo pelo quinto trimestre seguido.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.