Enquanto os governos do Brasil e da China negociam, sem sucesso, acordos setoriais de restrição voluntária de exportações para o mercado brasileiro, as importações de produtos chineses continuam crescendo de vento em popa.
Dados atualizados para O GLOBO pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram que, por causa do aumento das compras daquele país, o superávit que o Brasil tinha com a China nos oito primeiros meses de 2004, despencou de US$ 1,625 bilhão para US$ 800 milhões no mesmo período de 2005.
As importações de produtos chineses cresceram 47,4% em relação ao período de janeiro a agosto de 2004. Com isso, a participação na pauta aumentou de 5,7% para 6,9%. Do total de gastos, o grupo composto por dispositivos e componentes para telefonia foi o que mais pesou, sendo responsável por US$ 1,3 bilhão - o equivalente a 38,4% do total de itens importados.
Os dados reforçam o argumento de diversos setores empresariais a favor da aplicação de salvaguardas às importações chinesas - medida que depende da publicação de dois decretos que estão parados no Palácio do Planalto.
Os maiores crescimentos na compras de importados chineses foram produtos cerâmicos (1.538%) e pneumáticos (575%). No caso de têxteis, o incremento foi de 49,1%; no de calçados, de 59,2%; e no de brinquedos, de 66,4%.
- Estamos realmente preocupados. Nem nós, nem os americanos, nem os europeus estamos conseguindo chegar a um acordo com os chineses - afirmou o coordenador da Coalizão Empresarial Brasileira da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Oswaldo Douat.



